1/2/96 – 1:11
Já são 1:58. E acho uma verdadeira simpatia do Céu esta imagem: Jesus e Sua Mãe abençoando tudo o que até agora passei. Já não me lembro de uma luta assim, entre o meu sono e a minha Fé. Acordei ainda antes das 1:11: no mostrador havia um zero e qualquer coisa. Eu tinha-me deitado às 23 horas. Não é explicável, desta vez, a nível puramente biológico, esta autêntica violência contra a natureza. O sono era tal, que não é possível eu ter acordado devido a factores físicos, apenas. E permaneceu durante uma hora tal o sono, que me apetecia chorar de impotência, mas nem lágrimas o sono me deixava sair dos olhos. Levantei-me já passava da 1: 30, e nem antes, nem depois, eu conseguia articular palavra. Foi desta vez visível, mais do que nunca, a obra de Satanás. Nunca me tinha ocorrido que fosse o Diabo a acordar-me, mas está-me o Mestre neste momento ensinando que tudo o que é sofrimento vem de Satanás. Todo o sofrimento sem excepção. Seria absurdo que Deus desejasse o sofrimento de uma só, da mais pequenina das Suas criaturas. Na Sua própria Paixão revelou Jesus a origem e a natureza do sofrimento. A Sua morte significou uma voluntária entrega ao “poder das Trevas”. É, pois, o “príncipe das Trevas” sempre o autor do sofrimento.
– Tenho uma dúvida, Mestre. Não sei se Ta devo pôr.
– Donde te vem a dúvida?
– De saber que o Mistério é insondável e que toda a tentativa de o eliminar é uma grave ofensa à santidade do Teu Nome.
– Se o Pai não quisesse abrir-vos o Seu Mistério, não Se teria revelado. Eu sou a prova de que o Pai escancarou perante os vossos olhos e o vosso coração todo o Mistério de Deus.
– Todo?
– Todo.
– Explica então, Mestre, porque é que, revelando-Se todo, Deus permanecerá para sempre Mistério.
– Precisamente porque é insondável: nenhuma sonda lhe atingirá a altura, a largura, nem a profundidade.
– É Mistério porque o homem não poderá nunca ver-lhe o fim?
– Nem o próprio Pai verá nunca o fim do Mistério de Deus. Nem o Filho. Nem o Espírito Santo.
– Jesus! O que acabas de dizer é, aos nossos ouvidos, uma heresia monstra! Explica-nos esta Tua grande “heresia” que acabas de enunciar.
– A origem de todo o mistério é a liberdade. Deus é Deus porque é livre.
– Mantém-me no Teu exacto Desejo, Jesus. Não quero esquadrinhar o que me não pertence ver.
– Pertence-te ver tudo o que em cada momento a tua capacidade puder ver. Nada poderás ver, se tentares apoderar-te do que vês. Nisto consiste e sempre consistiu o Pecado: em tentar eliminar o Mistério apoderando-se d’Ele.
– Se eu ficar sempre embasbacado e agradecido perante o Mistério, nunca peco?
– Não. O Pecado é presumir desvendar todo o Mistério para com Ele embasbacar os outros: é, então, a cegueira total.
– E é tão fácil cair na armadilha, Jesus!
– Nada consegue o Diabo de vós, se vigiardes sempre e orardes.
– Tanta coisa Te queria perguntar ainda, Mestre! Tanta coisa que de repente me estás agora iluminando! Tu és, na verdade, um esbanjador! Tantas prendas, que estou assim, no meio delas, sem saber qual desembrulhe.
– Não precisas de desembrulhar já nenhuma delas. Olha as horas.
– 3:37.
– Que te dizem estes Meus Sinais?
– Muito nitidamente que do seio da Trindade me estás trazendo a Paz.
– E que sentes no coração?
– Uma excitação serena.
– E cansaço também, na cabeça, no corpo, não é, Meu filhinho?
– Nem por isso. Se quiseres, eu fico aqui…
– Sofreste já muito hoje. Que tal de sono?
– Já fugiu por completo.
– Mas é bom que volte.
– E voltará? Às vezes não volta.
– Terás sempre todo o sono que te for necessário. Eu próprio e a tua Mãe te ficaremos vigiando.
– Gosto tanto de Ti, Mestre! Só acho que ficou tanta coisa por dizer…
– E queres dizê-las todas esta noite?
– Bom, eu…
– Deita-te, Meu tolinho. Acabas de dizer tudo aquilo que encerra todas as coisas que possas dizer a toda a gente.
– Que Te amo?
– Meu amor!
– Gostas de mim?
– Dorme. E deixa-te de perguntas desnecessárias.
São 3:59.
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