15/7/95 – 3:02
Andei alguns minutos à espera de assunto, sem o encontrar. Mas uma vigília não é para rezar? – interrogo-me. E concluo: o que eu tenho que fazer é rezar. Mas como, se está seco o meu coração? Foi então que me lembrei de rezar com a própria Palavra de Deus e logo ao coração me veio:
Sl 116 (114-115)
Pronto, já li. É um Salmo de acção de graças, exactamente aquilo que eu estava para fazer, mas nada me saía, por causa da absoluta aridez do meu coração. Não consegui cantar este Salmo, como o Senhor ontem me ensinou. Nada vibra em mim, apesar de aquela oração exprimir o meu estado de alma: “Eu sou um débil, Ele há-de salvar-me”… “Que darei eu ao Senhor, por todos os seus benefícios?”.
Só se for esta frieza. De resto, nada mais tenho para Lhe dar. É deveras impressionante, hoje, a aridez da minha alma: entre cada frase que escrevo há dois, três, cinco minutos de total vazio dentro de mim. Puxo pela cabeça até ela ficar dorida, mas era o coração que deveria ser carne viva palpitando de gratidão. Porque ah, isso sim, como eu desejava que todas as fibras do meu ser vibrassem de agradecimento!… O que o Senhor me fez até agora deveria levar-me a passar dias seguidos e inteiros apenas a agradecer-Lhe! E porque não começo já, assim mesmo, como estou?
– Jesus, meu querido Mestre, estou muito feliz Contigo por tudo o que me tens dado. Pela aridez, pela frieza, pelo Deserto. Por este Deserto de maneira muito especial: aqui me fizeste penetrar no Teu Mistério e me revelaste as riquezas do Teu inesgotável Coração. Bem hajas pela Solidão que tanto me aproximou de Ti. Bem hajas por Ti: conhecer-Te é todo o tesouro da minha vida. Tu ensinaste-me a força explosiva do Sofrimento e também que é ele que faz nascer a Ternura. Tu deste-me a Fé como prenda de anos, como prenda maior da minha vida: ela sempre me levanta depois de cada queda e me faz ultrapassar toda a montanha e todo o barranco do vale. Só por ela eu sei que me deste o dom da cura, o dom das línguas, o dom da profecia, me fizeste Abraão, Jacob, Moisés, Elias, David, Salomão, Papa! Tu não tens feito outra coisa senão dar-me Coisas, meu querido Jesus. Diz ao Pai que estou muito feliz por Ele me ter criado e diz ao Teu Espírito que não Lhe conseguirei nunca transmitir o Encanto que me inunda o coração no Silêncio em que Ele é tudo em mim. Diz-Lhe que eu gosto muito d’Ele por ser Espírito e morar em todas as minhas células e em todos os átomos do Universo e não se ver! Deixa-me dar-Te um abraço, Jesus, porque Tu és o Mestre mais espectacular que eu conheci, de tal maneira que desprezei todos os outros mestres e só às Tuas aulas quero assistir. Bem hajas por ainda me não teres dado a Terra Prometida. Bem hajas por me não teres dado ainda o Amor. Bem hajas por estares a fazer em mim a Tua Vontade. Bem hajas pelo divórcio e pelo Z. D. e pela família que me deste. Bem hajas pelos Teus insondáveis Desígnios. Bem hajas porque és Surpresa pura. Amen!
São 4:55.
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gostei muito, e que Deus abençoa todos aqueles que ler, e anunçiar suas maravilhosas palavras, amem.
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