– 8:51:00
– Eu tenho muito que fazer, Tu sabes, Mestre. Mas fala. Sinto que queres falar comigo.
– Quero. Quero que abras de novo o Livro em…
– Onde, Mestre? Vá, abre o meu ouvido. Ordena a Simão, o meu Anjo-que-ouve que o reconstitua na sua máxima capacidade. Ordena-lho, Jesus, que todo o gosto dele é receber uma ordem Tua, eu sei.
– Curar-te o ouvido é uma das Minhas grandes promessas.
– Pois é, meu querido Companheiro todo-poderoso. Ainda agora me levaste a reler aquele dia em que Tu, com todas as letras, me “enganaste”, dizendo-me que nesse dia eu Te ouviria distintamente.
– E ouviste-Me distintamente.
– Ouvi?
– Tão distintamente, que ficou ali registada a Minha exacta Vontade (cfr 13 e 14/6/95).
– Eu sei, Jesus, sei que atinges sempre os Teus fins. Mas eu… Relê também Tu agora comigo esse dia 13 e vê bem o que me fizeste!
– Só Me recordo de te ter feito bem.
– Mas relê. Lê outra vez: eu só me recordo de ter sofrido muito.
– Não te disse já que nem uma gotinha do teu sofrimento se vai perder?
– Não, não deixes, meu Rei crucificado, que nada do Teu Sofrimento se perca em mim. Não, do sofrimento é que Satanás se não pode apropriar, isso não! Só imaginar que ele poderá inutilizar o nosso sofrimento, me horroriza! Dá-nos a todos – todos, Jesus! – o coração do Bom Ladrão! Toca-nos com a Tua Presença ali sangrando ao lado, na hora da nossa máxima dor! Deixa-nos ir a todos Contigo para o Paraíso ao menos à hora da nossa morte! Olha, eu dou-Te o meu rombo ouvido, ofereço-Te todo o sofrimento de não ouvir, para com ele tocares o coração dos meus e Teus irmãos, na hora da sua insuportável dor…se achares bem, Mestre! Faz o que quiseres, mas purifica a nossa Dor! Não deixes mais o Demónio apoderar-se dela, que ele ainda por cima goza, como fizeram aqueles, junto à Tua Cruz! O Demónio não, Jesus! Não o deixes apropriar-se de uma gota sequer da nossa Dor. Lembra-Te daqueles sarcasmos, na hora da Tua agonia e não o deixes repeti-los, por Quem és, pelo infinito mérito da Tua Cruz! Não o deixes gozar assim dessa maneira porca com o nosso horror que ele próprio fabricou. Ele não tem respeitinho nenhum-nenhum pelo nosso sofrimento.
– Como não teve pelo Meu.
– Pois… eu sei, Jesus….
– Não queres ser Eu, hoje?
– Quero, Mestre, quero. Queres que em mim vejam outra vez os homens o que Te fizeram?
– Sim. Que vejam até que ponto se deixaram instrumentalizar por Satanás. Preciso de lhes atingir o coração, Salomão. Deixas-Me usar-te para transformar corações de pedra em corações de carne?
– Usa, Mestre. Não sei o que me espera, mas…
– Sabes, sim. Não te lembras do que já sofreste?
– Ah! O que eu já sofri serviu para eu ver o que me espera?
– Para o que tens que sofrer precisas de um coração muito bem preparado.
– Tu és mesmo O Sábio, Mestre bom, meu querido Amigo!
– Vá, diz como te apetece dizer. Não tenhas vergonha de Me chamar pelo Meu Nome.
– Amor? Devo dizer “meu Amor”?
– Não é assim que te apetece dizer?
– É.
– Então não tenhas medo: chama-Me pelo Meu Nome.
– Ah! Amor será o Teu Novo Nome?
– O Meu antigo Nome, o Meu verdadeiro Nome, que vós cobristes de lixo e mascarastes e achincalhastes às ordens de Satanás. Não vedes?
– Não, não vemos! Deixa-me falar-Te assim, Jesus. A Cidade agigantou-se e refinou-se, de tal ordem que, para todo o lado que olhemos, só a vemos a ela e às suas obras, não vês? Não vês Tu também? Desculpa, Jesus, desculpa! É que nos sinto verdadeiramente impotentes. Tens que deitar abaixo a Cidade, meu Deus omnisciente! Ela não nos deixa ver, não nos deixa ouvir, não nos deixa sentir nada, a não ser ela, ela, ela! Só Tu sabes como vais fazer, mas vais resolver isto, não vais? Vais reconduzir-nos de novo ao Amor, não vais?
– Vou. Lê Romanos dois, três.
– Pronto, Mestre:
Rom 2, 3
“E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, fazendo tu o mesmo, cuidas que escaparás ao juízo de Deus?”
Não há contexto que me valha, pois não, Mestre? É a mim que queres atingir, não é?
– É. Claro que é a ti.
– És muito rude, Mestre! Logo hoje, em que me tocaste o coração tão de perto e me revelaste o Teu verdadeiro Nome! Quem Te entende, Deus Altíssimo?
– Tu. Preciso que tu Me entendas.
– Mas…porque me resfriaste então assim o coração?
– Porque te quero amarrado à Minha Cruz. Não suportaria que Me fugisses.
– Mas eu, Jesus, eu também não suportaria fugir-Te!
– Então nunca julgues ninguém, para que eu possa constituir-te juiz sobre o Meu Povo. O único Juiz sou Eu, Eu sempre, entendes? Não vês a Cidade cheia de juízes?
– Vejo.
– Pois não há nela um justo! Nem um sequer! Porque se arvoram eles em juízes?
– Eu estava arvorando-me também em juiz?
– Falas da Cidade como se já nada tivesses a ver com ela! Não te quero assim, Salomão! A ti, não! Tu és a Minha Testemunha! Pensa no Capítulo Sétimo de Daniel. Quero-te aquele ancião de cabelos brancos como a lã pura e de veste imaculada como a neve!
– São 10:27, Mestre. Está escrito nestes algarismos o meu nome!
– E o Sinal da Escritura. Eu abençoo o teu nome e a Mensagem que Me escreves.
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