– 15:44
Este repetido 4 diz-me que escreva, que escreva sempre. Que continue contando a história do nosso Deserto e do Invisível Espírito. É estranho: vejo o mundo todo, mesmo todo árido, seco, mirrado, morto. Tudo reduzido a barro amarelado esboroando-se e as elevações na paisagem calvas, lívidas e mudas como espectros. Procuro nos mais fundos vales vestígios de algum rio, um magrinho fio de água que seja, e só vejo lama ressequida, gretada. Um brilho de zinco no espaço. Um sol queimando muito, sempre mais. Um silêncio só entrecortado, aqui e além, por estalidos secos, de novas fendas abrindo-se.
É por esta paisagem que eu caminho com o meu Jesus. Há-de haver outros que também assim com Ele caminham, mas nunca nos encontrámos todos juntos na mesma encruzilhada. A culpa disto é toda de Jesus: Ele veio ter comigo, perguntou-me se eu não queria parar com a empreitada da minha destruição e da dos outros. Destruição? Olhei à minha volta e disse: Eu bem me queria parecer! E foi com um baque no coração que eu constatei: andamos todos a construir uma ruína! Olhei então para dentro de mim à procura de uma explicação e encontrei Jesus lá, bem vivo no coração. Começámos a conversar como amigos. Ele falou-me na possibilidade de fazer de novo jorrar rios caudalosos por estes vales e encher de florestas virgens estes outeiros. Falou-me em fontes jorrando das mais altas montanhas. Eu estava encantado, mas de repente caí em mim e perguntei-Lhe: E… e água? – A Água sou Eu – respondeu-me Ele sem pestanejar.
E não é que eu acreditei!?
A partir daí temos andado sempre juntos. Ele fala-me de coisas que eu nunca vi, umas curiosas, outras muito estranhas e outras mesmo impossíveis, mas eu acredito. Acredito sempre. Acredito não por Ele ser Deus, que isso eu já sabia; acredito por Ele ser assim tão meu Amigo, tão tu-cá-tu-lá, que isso eu não sabia e foi uma descoberta que me encantou e me prendeu para sempre. Por isso Lhe tenho anotado as palavras todas, que eu não quero perder pitada. É um Amigo que a gente ouve tão encantado, que quando dá conta está-Lhe aos pés, pasmado, como aqueles alunos antigos perante os mestres.
O que nos mostra é tudo invisível. Quase sempre contrário ao que pensávamos. Surpresa sempre. Mas tanta autoridade tem, tão certeiro é tudo o que diz, que vai provocando em nós uma reestruturação completa, a partir do âmago da alma. Então começamos a ver com o coração tudo quanto víamos com os olhos e com a razão: a paisagem é radicalmente outra e tudo o que era impossível passa a ser um Mundo Novo já avançando com fúria imparável, por baixo das areias do Deserto e dos rochedos das montanhas!
Esta Vaga de fundo, fresca e verde, avançando assim inexorável em direcção à superfície do Deserto sabemos que será chamada ESPÍRITO SANTO, O INVISÍVEL!
Então este nosso Irmão, que assim nos ensinou todas estas coisas havemos de O ver descer do Céu num trono, sobre uma nuvem. E só agora nos recordamos de que Ele é Deus e murmuramos: Por isso nos ardia o coração quando Ele nos falava!
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