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Não sei se o exército infernal se retirou para longe, ou se está só projectando nova investida. Atravesso um momento de alguma acalmia, mas o que me rodeia são destroços, como acontece depois de qualquer combate, ou depois da passagem de um tornado.
Como é possível acontecer um abalo destes na minha Alma, ainda agora? Não deveria ela ser já a Alma de um Filho de Deus, robusta, omnipotente, de visão clara, intemporal? E Jesus, com o luminoso exemplo da Sua própria vida terrena, responde-me que a minha Alma, desde que O encontrou e por Ele se apaixonou, recebeu um irrecusável convite: segui-Lo pelos Seus exactos passos, até finalizar o curso da sua vida terrena. E nós sabemos todos que os mais devastadores ataques de Satanás se situaram precisamente no fim da vida terrena de Jesus. Não posso eu, portanto, querer que seja comigo de outra maneira.
Mas nós estamos acostumados a pensar que os ataques do Inimigo a Jesus, embora O tivessem feito sofrer muito no corpo e no espírito, nunca O atingiram nas Suas convicções interiores, na inabalável robustez da Sua Fé, na imanchável Certeza da Sua Missão, no Seu Amor, que sempre supomos ardente e límpido como o Amor do próprio Coração de Deus. Ele nunca teve dúvidas, Ele nunca vacilou em nenhum passo que deu, Ele estava sempre possuído da “visão beatífica” própria da Sua condição de Deus que nunca deixou de ser - dizemos nós, porventura possuídos de sincera intenção de enaltecer o nosso Redentor.
Ora aquilo que Jesus me tem feito escrever contraria frontalmente esta visão de um Jesus apenas dorido com as nossas dores, mas não tendo que suportar nunca as Suas próprias deficiências como nós suportamos as nossas. Muitas vezes, perante esta visão que era também a minha e perante a minha resistência em aceitar as Suas deficiências tão graves e diversificadas como as minhas, eu O ouvi gritar, ou gemer, numa atitude de confrangedora impotência: “Por favor, aceitai a Minha Incarnação!”.
E foi assim que Ele me levou a escrever as heresias que por todo o lado sarapintam esta Profecia. Elas são todas filhas daquela monstruosa Heresia gritada pelo Filho do Carpinteiro na Sua retinta linguagem humana, tão concreta, tão carnal, que ficou gravada para todos os séculos futuros sem tradução, na própria língua que a Sua Mãe e o Seu Pai Lhe haviam ensinado, igual à do povo em que viveu incarnado: “Eli, Eli, lamma sabactani?”! Agora todos sabemos papaguear a tradução: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?”. Mas não vemos nunca com o coração o que estamos dizendo: que Deus abandonou Jesus! Que Deus abandonou o próprio Filho! Que Deus abandonou Deus!
Será que nunca mais ouviremos o nosso Irmão Jesus pronunciar esta gigantesca Heresia? Deus abandonou Jesus a todas as dúvidas, a todos os temores, a toda a escuridão que nos atinge a nós nesta Desolação! E Jesus nunca deixou de ser Deus! Deus, portanto, conheceu a Ausência de Deus!
Como eu conheço, a espaços. Como eu tenho conhecido de forma brutal, nestes últimos dias. Sei, por isso, que vou chegar à Ressurreição.
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