12/4/95 — 9:56 — MV
“Sou uma pobre infeliz” — lamenta-se a Vassula, em 28/7/90. É esta precisamente a situação em que muitas vezes me encontro. Um pobre infeliz. Sem ninguém, sem forças, sem nada, sem saídas, sem caminho. Só uma completa indigência. Só uma inultrapassável impotência. E quando actuo, sempre o senso comum me aponta erros, erros em todos os campos, em todas as situações. Definitivamente, eu sou, onde quer que esteja, um enorme pedregulho de tropeço, uma autêntica pedra de escândalo. Nunca tive onde reclinar a cabeça descansado. Como frade, como padre, como marido, como pai. Fui um permanente desinstalado sempre. E parece que o meu trabalho tem sido sempre desinstalar os outros. Ainda assim, onde os estragos são menos notórios é no exercício da minha profissão de professor. Mas mesmo aí nunca estou quieto e tento introduzir factores de desvio da rotina, de desinstalação, quer nas aulas, quer em actividades circum-escolares. Até agora isso ainda não provocou nenhuma explosão, mas cheira-me já a pólvora e não me admira nada que um dia destes haja, também neste terreno, um rebentamento. E, se houver, nesta ponta final a culpa é toda do meu Mestre, que me retém horas seguidas a ensinar-me coisas, muitas coisas insuspeitadas e a ensinar-me como é que se ensina. Acontece apenas que aprender com Ele, ai lá isso tenho aprendido; mas ensinar como Ele, isso é que eu ainda não sei: estou dando só alguns primeiros passos. Estou ainda longe de entrar em estágio…
Um pobre infeliz. E quando, numa situação destas, caído, ferido, abandonado, me confronto com a missão que Jesus insistentemente me diz e confirma ser a minha na Sua Igreja, no Seu Mundo, que sensação posso eu ter senão a de um absurdo completo, a de uma total impossibilidade? Que admiração, pois, de que por instantes eu duvide, eu ponha tudo em causa? Sinto que Ele me tem perdoado sempre estes momentos, colocando a Sua Grande Mão sobre a minha cabeça, como quem diz que sossegue, que não está admirado, que me não leva a mal, que compreende inteiramente. Porque a Fé logo volta, às vezes frágil outras vezes muito forte, exaltante, como um enorme rochedo, como uma árvore secular.
Um pobre infeliz. E é sempre aqui que sinto também da forma mais nítida, a Omnipotência do meu Mestre e O sinto como verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai, por Quem todas as coisas foram feitas! É sempre aqui que Lhe digo, com total consciência do que estou a dizer, com total sinceridade de coração: Se não fores Tu a fazer as coisas, todas as coisas, ninguém as fará! Eu não posso fazê-las por impotência; os que as tentam fazer por si mesmos sinto que estão construindo uma ruína. Como aquele destituído mental que, tendo-lhe a casa sempre caído a meio da construção, mesmo assim teima em recomeçar sempre de novo.
E aqui estou eu guardando todas estas coisas que não entendo, meditando-as no meu coração. A leitura desta madrugada por exemplo. E ouvindo Jesus através da Vassula dizer-me: “Tu és pobre, mas Eu posso tratar de ti. Basta-Me dizer-te: Cresce! Floresce!”.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário