18/4/95 — 6:40 — MB
Gen. 35, 18-26
Não conseguia receber nenhuma informação precisa pela via da audição: as indicações eram várias e díspares. Usei então o dedo, que apontou com muita precisão o nascimento do último filho de Jacob — Benjamim: “Ora, no momento de entregar a sua alma – pois estava a morrer — chamou-o Ben-Oni; mas seu pai chamou-o Benjamim”. Em seguida o texto fala da morte e sepultura de Raquel e faz o registo dos doze filhos de Jacob.
Não sei ainda o que o Senhor me quer dizer. Sei apenas da sua Vontade em que eu continue escutando-O a qualquer hora da noite a que acorde. Isto disse-mo Ele ontem antes de me deitar, de duas maneiras: uma, através da Vassula, ao fazer-me fixar a atenção nisto: “Não temas a Minha Disciplina, que te orientará na Minha direcção”; a outra, logo a seguir, levando-me a considerar o treino dos jogadores de futebol e dos atletas em geral: eles, que lutam por uma coroa perecível, não param; com maioria de razão não posso parar eu, que busco uma coroa incorruptível. E uma alegria grande inunda o meu coração, a confirmar que estou cumprindo os Desejos do meu Senhor, que até me deixou dormir hoje toda a noite seguidinha, mostrando-me assim o Seu cuidado e a Sua simpatia.
São já… 7:40! Vou levantar-me para sair.
— 8:48! — MB
Estes algarismos vieram juntar-se a uma série de associações que estava já fazendo a propósito do texto que esta manhã o Senhor me deu a ler e que, como é costume, na altura em que o leio, nada me diz.
Estou “em baixa forma”, as energias anímicas parecendo em vias de se esgotar. É por isso lenta e penosamente, como vindo do deserto e entrando agora em floresta densa em noite ainda escura, é cansado, quase desfalecido, que vou avançando, vendo espantosas maravilhas, mas sem forças para saltar de alegria ou sequer para as saborear. Tenho a percepção de que tudo isto é para ver agora, mas para viver só depois. Como se a fase que atravesso fosse apenas a de exploração do território virgem que depois será inundado de gentes de vários povos e línguas a viverem, extasiadas, a espantosa Riqueza que diante dos seus olhos se irá desenrolar. Como se o Senhor, junto a mim, me fosse dizendo olha isto, fixa aquilo, não te esqueças daquela colina além, aquele vale ali ao fundo é também extremamente importante. Conduzirás depois aqui as Minhas doze tribos e dessedentarás o Meu Povo. E eu vou dizendo sim, sim, Mestre, sim, sim, meu querido Senhor, estou a ver, eu fixo, sim, não me vou esquecer de nada, eu vou aqui trazer toda a gente, eu vou recordar então tudo o que me estás a apontar, não Te aflijas, eu vou ser um instrumento Teu, de alta precisão, meu Senhor e meu Deus! E vou olhando tudo, com os meus olhos piscos, sei que tudo é maravilhoso mas eu não consigo ver bem, dos olhos e da pressa, apenas fixo com toda a atenção que posso, bloco de notas na mão, caneta em punho sempre, traçando coordenadas, registando características do local, identificando conteúdos gerais apenas, porque é forçoso continuar, o Mestre diz que não, que não posso parar ali, há muita coisa ainda para anotar, para fixar, o tempo urge, paragens só para dormir quanto baste para recuperar forças, em breve voltarás — diz Ele — acompanhado de uma multidão, um fabuloso rebanho de que não verás o fim e nessa altura então, então sim, depois de te assegurares de que o rebanho todo chegou já ao Vale Verdejante e se alimenta, seguro e feliz, então sim, poderás também tu descansar sobre a colina, beber da Minha Fonte até te saciares. Lembras-te do Rossão, dos enormes rebanhos que ali vias passar na tua infância?— continua Ele. — Lembras-te daqueles cães enormes com as suas coleiras eriçadas de picos por causa dos lobos? Lembras-te de como os próprios cães vigiavam as bordas dos caminhos e das canadas para que nenhuma ovelha se extraviasse, quando em trânsito de monte para monte? Lembras-te de como ficavas parado à borda do caminho até que os vários milhares de ovelhas passassem, até perderes de vista todo o rebanho, como admiravas os cães e os pastores com os seus assobios, as suas vozes, a sua autoridade, a sua figura sólida, manta às costas, cajado na mão? Lembras-te, Salomão, da disciplina, da ordem que envolvia e reinava em tudo aquilo? Não o esqueças nunca, meu querido pastorinho que fui buscar ao Rossão para apascentar o Meu Rebanho. Fixa esta terra que te estou mostrando, regista tudo. É para aqui que terás de conduzir as Minhas ovelhas e os Meus cordeiros. Quero que sejas feliz vendo o Meu Rebanho farto ao fim do dia, ruminando à noite à vota do rodeio. Eu próprio virei então ter contigo, para conversarmos, sob as estrelas…
Pergunto-me agora eu, pergunta-me toda a gente: como me atrevo a escrever tudo isto? E a minha resposta é esta: foi uma Alegria dentro de mim que o escreveu. Uma Alegria muito serena, uma Paz sem mancha. Uma Alegria que só pode vir do Coração de Deus, uma Paz que só pode ser o próprio Deus.
Sei que vou dentro em breve ter que me levantar de novo, porque o meu Guia diz que o tempo urge, aproxima-se a hora de para aqui conduzir o Seu Rebanho e ainda falta muita coisa para olhar, para provar, para anotar. Diz que, na impossibilidade de olhar o chão onde piso, terei que sofrer ainda vários arranhões, ferimentos, quedas e sustos, porque até de noite será necessário caminhar. Mas diz-me também que não se afastará nunca para fora do alcance do meu grito, sempre que me julgue perdido. E que nesses momentos me responderá sempre localizando-me a Sua Presença, acorrendo até onde eu estou, colocando a Sua Grande Mão sobre a minha aflição, metendo-me no coração sempre de novo a Sua Grande Paz.
Como neste caso, por exemplo em que eu, por causa do cansaço, por causa da noite, me julguei perdido, sem caminho, gemi, e Ele logo acorreu ao meu quase desânimo, levantou-me suavemente e com terna Voz me foi dizendo: tem calma, Meu pequeno… Vês? Acaba de nascer o último filho de Jacob, o progenitor das Minhas doze tribos, de todo o Meu Povo. Este nascimento é envolvido de grande dor: Raquel morre de parto, Jacob sofre a sua ausência, o desaparecimento da sua esposa querida por quem serviu Labão sete anos e tem depois que sofrer o incesto do seu primogénito com uma das suas mulheres (v. 22). Raquel é sepultada em Belém, onde Eu nasci d’Aquela cujo Sinal te dei no início deste Escrito. Compreendes agora a Minha pressa?
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