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I Tess. 2, 9
Um impulso forte pedia-me que abrisse a Bíblia no Novo Testamento. Assim o fiz. O dedo apontou com muita precisão o v. 9, que diz assim:
“Lembrai-vos, irmãos, dos nossos trabalhos e da nossa fadiga. Trabalhámos de noite e de dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, enquanto vos anunciávamos o Evangelho de Deus”.
Há dias que, a espaços, me vem ao coração este impulso, que inicialmente me alarmava: eu estou a ficar um parasita; de facto eu ocupo a maior parte do meu dia lendo, meditando, escrevendo coisas que nada têm a ver com a minha actividade profissional. Tão absorvente tem sido esta ocupação que, como ontem deixei testemunhado, de quando em quando sou possuído de um cansaço que me assusta. E o pior é que não faço nada, a não ser escrever, que é uma actividade “parada” para que nunca tive verdadeira vocação: só um dever ou uma motivação muito forte me levam a escrever. Sempre todos me conheceram como aluado, despassarado, idealista, é certo, mas sempre agindo, fazendo coisas, provocando acontecimentos que mexem com o meio em que me movo. Este activismo adquiriu mesmo progressivamente uma feição cada vez mais concreta, passando da actividade mental para a actividade manual: eu faço trabalho de cozinheiro, agricultor, trolha, pintor, carpinteiro, electricista, sonoplasta, cenógrafo, coreógrafo , não falando já da autêntica mania da encenação. E o mais estranho, mesmo para mim próprio, é que eu adquiri uma capacidade de trabalho e uma eficiência que os meus pontuais colaboradores consideram invulgares. Eu andava pasmado comigo próprio.
Mas desde o espectacular encontro com o Profeta Vassula, em Agosto, as coisas mudaram de forma rápida e progressiva: adiei a pintura da casa que andava fazendo no verão, passei a dedicar menos tempo às aulas, desacelerei as actividades do GEL. Até no Grupo Promotor as pessoas me foram retirando trabalho. Faço, contudo, uma verificação curiosa: a nível de resultados concretos nenhuma das actividades parece ter sido prejudicada; pelo contrário, continuo atento a tudo, nada está dado ao abandono, tudo se realiza no tempo oportuno e em termos de cômputo final admito que se venha a verificar até, ao fim deste ano lectivo, uma melhoria quer em qualidade, quer em quantidade.
Então passa pelo meu coração um grande assombro: tudo isto o Senhor o vem fazendo em mim, com Mão de Mestre, sem que eu disso me tivesse apercebido! E agora mais isto: todo o tempo que passei a ocupar assim com o Mestre neste ler, neste meditar, neste rezar, neste escrever, estou-o sentindo agora, não como passividade, nem sequer como parasitismo, mas como verdadeiro trabalho. Um trabalho intensivo e exigente, tanto que me cansa, que parece por vezes esgotar-me! Posso, pois, dizer como Paulo: trabalho de noite e de dia! Não sei se alguma vez trabalhei assim tanto! Mais: começo a tomar consciência de que este é que é, em verdade, o trabalho no seu puro sentido, porque só ele é necessário, é o único trabalho que verdadeiramente constrói; tudo o resto lhe deverá estar subordinado, tudo o resto virá por acréscimo! Trata-se de um trabalho com duas vertentes: desconstrução da Cidade e construção do Reino de Deus. Este é mesmo o meu trabalho de evangelização neste momento: ler, meditar, rezar, escrever!
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