22/11/96 – 3:33
Esta imagem determinou que me levantasse
logo, tal como naquele Setembro de há dois anos. Mas não há dentro de mim nada
da frescura e do entusiasmo de então. Era ela nessa altura o Sinal da Presença
de Deus. Uma Presença viva e pessoal, que eu não conhecia e por isso me
empolgava e alvoroçava todo o ser. Por isso agora fiquei triste: a imagem
arrancou-me da cama, mas, para além deste movimento, pouco mais fez em mim;
estou povoado de uma aridez tal, que é quase indiferença. Nenhuma ânsia e
nenhuma expectativa: só a mágoa me enche o coração.
Jesus, no entanto, veio mostrar que é o meu
Amigo de sempre: logo que comecei a escrever Ele me disse, à Sua maneira, que
esta frieza não é sinal de ausência de Deus e foi precisamente para me dizer
isso que me trouxe aquele Sinal. Mas onde está Deus então, que O não sinto de
forma nenhuma e só esta aridez e esta mágoa me enchem o coração?
– Fala comigo, Mestre. Ainda falta muito
para chegarmos? Dói-me tanto esta ausência…
– Meu pobre companheiro, vê como estou, Eu
também.
– Também Tu? Que ausência pode haver no Teu
Coração? Custa-me tanto entender isso… E tenho medo, um teimoso medo de que,
fazendo-Te assim tão humano, Te perca como Deus. Quem nos tirará daqui, se
também Tu estás reduzido à minha impotência?
– Olha outra vez o Sinal que te trouxe hoje.
Que diz ele?
– Que Deus é Três Vezes Trino.
– Que quer isso dizer?
– Que em cada Pessoa da Trindade está a
Plenitude de Deus.
– Então olha agora de novo a nossa
impotência, Meu amigo tão pequenino e tão frágil e diz-Me: quem nos tirará
daqui?
– A nossa própria impotência, meu querido,
meu pobrezinho Amigo.
– Porquê a nossa impotência? Como pode a
impotência poder o que quer que seja?
– Justamente porque nada pode, provocará a
Ternura do Céu e todo ele descerá à terra! Ah, meu frágil Amor, nesse Dia a
terra ficará irreconhecível, porque, de Deserto que era, virará Habitação da
própria Vida. Uma estrela brilhará de novo no oriente e todos os povos
acorrerão a ver o Prodígio: Deus fez-Se impotência por nosso amor! E por isso
se encheu a nossa fragilidade da Omnipotência de Deus! Jesus!... Adormeceste?
Olha, não adormeças agora…espera um pouco, diz-me primeiro que gostas de mim,
que esta aridez não é ausência…
Jesus adormeceu, de cansado. Tão querido o
meu companheiro! Tão frágil o meu Amor! Só Deus pode amar assim!
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