19/11/96 – 9:18:12
– Quero conversar Contigo, Mãe.
– Aqui estou. Que Me queres dizer?
– Não sei.
– Não sabes o que queres conversar Comigo?
– Não. Só sei que o meu desejo neste momento
é conversar Contigo.
– Não trazes nenhuma história para Me contar?
– História? Uma história assim… com enredo e
tudo…não, acho que não tenho.
– Se alguém viesse agora ter contigo, com
sede de Deus, de que lhe falavas?
– Talvez daquilo que me tem encantado nos
últimos tempos: a humanidade do nosso Deus.
– Mas não dizes tu que é justamente a
humanidade de Deus que ocupa estas quatro mil páginas?
– Pois é, Mãe. Desde a primeira página: aí
declaro que estou “abananado” por Deus falar a minha linguagem.
– Então…?
– É que não pára de me surpreender a humanidade
de Deus.
– Que te surpreendeu agora de forma
especial?
– O facto de nós podermos satisfazê-Lo
completamente na nossa solidariedade de companheiros.
– Não sabias isso já?
– Não. Julguei que Ele Se sentiria sempre
muito superior a nós, que só por benevolência Se punha ao nosso nível, que
necessariamente Se deveria sentir sempre diferente de nós, sempre terrivelmente
só. Que nunca seria possível nós sermos inteiramente Seus irmãos.
– Olha: relata esse pequeno episódio que
acabas de viver agora.
– Apareceu aqui o carro do peixe e eu
interrompi o nosso diálogo para ir comprar peixe para o nosso jantar. E ia
matutando se fiz bem, se fiz mal.
– E que concluíste?
– Para já, a dúvida não me angustiava,
porque Tu me ensinaste que duvidar não é pecado. Fui levar o peixe a casa,
arranjei-o, fiz a cama, sem pressa de voltar para continuar o nosso diálogo.
Durante este tempo estava concluindo cada vez com maior tranquilidade, que Tu
não Te importavas, pelo contrário, eu senti que foste comigo a casa e à vinda
sentia-Te cada vez mais como alguém que se preocupou, tanto como eu, com o
nosso jantar.
– E Eu era, durante este tempo todo em que
te acompanhei, A Rainha do Céu?
– Eras.
– A Rainha do Céu esteve contigo na tua
cozinha a preparar peixe para o jantar?
– Esteve. Foi a Rainha do Céu que andou
sempre comigo.
– E sentiste-A superior a ti?
– De modo nenhum!
– Sentiste-A de qualquer forma contrariada
por andar assim contigo nesta lida?
– Não! Reconheço que Ela andou comigo nestas
coisas todas sempre com muito prazer, como uma amiga que tem muito interesse
nas minhas coisas.
– E, mesmo assim amiga e companheira, não
deixou de ser a Rainha do Céu?
– Não. E está aqui o meu pasmo e o meu
encanto. Não sei explicar. Parece que o ser Rainha A torna mais Irmã e Amiga e
Companheira. Mas olha, Mãe: porque permitiste que eu escrevesse esta parte do
diálogo Contigo como se estivesse a falar de outra pessoa?
– Porque poderias lembrar-te de Me tratar
por Vossa Majestade e esquecer-te de que sou tua Irmã, em tudo igual a ti.
– Excepto no pecado, Mãezinha. Aí não és
igual a mim, não me posso esquecer disso.
– Esqueceste-te, por algum momento, de que
Eu sou a Rainha do Céu?
– Do Céu e da Terra e do Universo inteiro!
Ah, não! Não esqueci, não.
– Então continua sendo companheiro fiel do
Meu Jesus e nunca te esquecerás de que Ele é o teu Deus e Senhor e de que Eu
sou a Mãe de Deus e de que por isso Ele Me preservou de qualquer mancha o Coração.
– Ah, Mãe, grande Mistério é este, o da
Incarnação! O ter-se feito Deus nosso Irmão em tudo, até ficar com este Coração
assim pequenino como o nosso, a ponto de Se satisfazer com o consolo que Lhe
podemos dar! Isto ninguém o poderá compreender, Mãe!
– Não, ninguém o poderá compreender, Meu
pequerrucho.
– Vês? Agora ao falares assim, viraste minha
Mãe!
– E deixei de ser tua Companheira e Amiga?
– Não.
– E deixei de ser Rainha?
– Não. Sinto que és sempre todas estas
coisas ao mesmo tempo.
– Sabes porquê, Profeta pequenino?
– Porque tanto quanto o Pai do Céu fez
descer o Filho à terra, tanto Te fez a Ti subir ao Céu, minha pequenina Irmã de
Nazaré!
– Meu amor pequenino, vais proclamar este
Mistério a todo o mundo, não vais?
– Vou, Mãe, vou! Por mim, passaria a minha
vida toda a dizer à Humanidade que tem uma Mãe verdadeira no Céu nascida em
Nazaré há dois mil anos!
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