13/11/96 – 3:15
– Por onde queres que comece hoje, Jesus?
– Sentes-Me presente aqui, falando contigo?
– Sinto à minha maneira habitual: sei que
nos amamos mutuamente e pressuponho, por isso, a Tua Presença, acreditando nela
de todo o coração. Mas sentir como eu gostaria, não sinto.
– Não?
– Agora que insistes, noto hoje, de facto,
desde que acordei, uma subtil afeição por Ti…
– E onde estou Eu?
– Não consigo determinar bem, mas eu diria
que é dentro de mim.
– Não Me estás então sentindo, desta vez,
nem imaginando, com corpo físico?
– Não. É apenas uma ternura… E Tu pareces
ser a própria ternura que sinto.
– Eu e o que sentes por mim somos uma única
sensação?
– Sim, Mestre. Olha: se manténs o diálogo
assim neste nível tão árido, tão da cabeça, eu acabo por deixar de Te sentir.
– Queres mudar de assunto?
– Não! Eu só quero continuar a sentir-Te.
– Deixando de Me sentir é como se Me
perdesses?
– Sim. É como se Te fosses embora.
– Então Eu sou a tua sensação!?
– Ah, Mestre, a Tua lógica agora apanhou-me:
só posso responder que sim, que Tu és a minha sensação.
– E quando, nos momentos que chamas vazios,
nada sentes, onde estou Eu?
– Não sei. Pareces-me longe, atrás de
qualquer montanha, aqui no Deserto, atrás de qualquer cortina de escuridão.
– Mas, dentro de ti ou longe de ti, Eu estou
sempre em qualquer parte?
– Sim, há uma permanente relação minha
Contigo, seja porque Te sinto, seja pelo desejo de Te sentir, seja pela mágoa
de Te não sentir.
– Sou, de qualquer forma, para ti, sempre
Alguém importante?
– Sim. És, em absoluto, a única coisa
importante para mim – perdoa ter dito “coisa”.
– Porque pediste perdão por teres empregado
aquela palavra?
– Ah! Não reparei, mas agora estou vendo:
aquela atitude revela justamente o quanto és importante para mim. Tu és mesmo
um Mestre perfeito! Como tu aproveitaste logo aquele facto!
– Olha: há ainda outros momentos na tua vida
diária em que com mais clareza Me estás sentindo presente, não estás?
– Sim, e isso enche-me de uma terna afeição
por Ti: é em todas as atitudes que tomo na vida, em especial agora na
actividade que estou realizando na escola.
– Escreve, escreve essa sensação que agora
passou pelo teu coração.
– Na sequência do que me disseste
recentemente, Tu não puxas as pessoas para um qualquer caminho Teu, mas entras
no caminho delas: Tu assumes até os caminhos em que as pessoas se estão
movimentando. Eu acho que se um drogado chamar por Ti e Te receber, Tu não lhe
exiges que saia da droga, mas ternamente lhe darás coragem para que ele próprio
dela se afaste. Entretanto ele continuou a drogar-se e tu não o abandonaste.
– Sentes então que Eu estou contigo na
preparação da festa, na escola?
– Sinto. Embora eu já o soubesse, sinto-o agora de forma muito clara julgo que pela
primeira vez: parece que és Tu que estás a conduzir tudo, que tudo o que faço
ou deixo de fazer está obedecendo a um plano Teu. Até o facto de me terem
adiado oito dias a festa parece ter sido da Tua iniciativa: deu-me imenso jeito
para tranquilizar os alunos e aperfeiçoar as cenas. É uma sensação nova. E eu
considero todas estas coisas, meditando-as no meu coração.
– Sabes agora que sentido teve este diálogo?
– Mostrar as Tuas várias formas de Presença?
– Sim. E que concluíste?
– Que na própria aridez ou vazio do nosso
coração a Tua Presença não é menos forte nem menos actuante, se sinceramente Te
procurarmos. Só não entendi aquela de Tu e o meu afecto por Ti serem um só.
– É que não atravessámos ainda o Mistério da
Unidade; só o vimos de longe…
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