12/11/96 – 4:00
Comparado
com o ser imortal que o Pai nos sonhou, a nossa carne é só morte ambulante que
o Espírito mantém na existência, sempre tenso de expectativa, na ânsia de que o
nosso Livre Arbítrio Lhe permita ressuscitar-nos! Não sei se é de Ressurreição
que Jesus me quer falar com a citação que ouvi logo ao acordar, mas sei que é
Palavra de Vida eterna e por isso me manteve até agora também feliz a ânsia de
a receber. Em “Mateus dezanove, vinte e três” –
Mt 19, 23 –
leio assim:
“Jesus disse então aos discípulos: Em
verdade vos digo que dificilmente entrará um rico no Reino dos Céus”.
– Julgo que não é já a primeira vez que me
trazes este alimento, Mestre. Que sabor novo nele escondes?
– Tens que começar a comê-lo, não?
– Pois tenho. Olha: à primeira vista não me
pareceu ter nada a ver com Ressurreição, de que estávamos falando.
– Mas vê se não tem: para entrar no Reino
dos Céus o que é preciso?
– Várias coisas, certamente.
– Não são várias, Salomão; é só uma: Eu sou
um Caminho muito simples. Eu nunca peço às pessoas “várias coisas”, à maneira
de requisitos ou condições para se levantarem e caminharem Comigo. Quando as
pessoas Me chamam, Eu vou, apenas, e só lhes dou, à medida que Me pedem.
– São elas, então, que fazem o seu próprio
caminho!?
– Sim. Eu faço-Me Caminho para elas.
– Para cada uma o seu!?
– Sim. Eu faço-Me para cada pessoa Caminho
diferente.
– Tu és em verdade o Amor, Companheiro! Até
o caminho de cada um Tu o respeitas?
– Eu o amo: fico loucamente feliz com a
surpresa que cada um de vós é para Mim ao caminhar.
– Parece-me ter entrado em contradição com
outras coisas que escrevi já nestas páginas, Mestre: eu disse, por exemplo, já
várias vezes, que no nosso caminhar devemos pôr os pés no exacto sítio onde Tu
os pões.
– Sim. Mas no caminho que vós escolheis.
– Ah! Tu vens onde nós nos encontramos e
deixas-nos seguir depois Contigo pelo caminho que nós escolhermos!?
– Sim. Se Me ouvirdes o Coração, os vossos
caminhos vão dar todos ao Pai. E são tão surpreendentes, para Mim, os caminhos
que escolheis, as coisas em que prendeis a vossa atenção ao andar…
– Que querido és, Mestre! Tu surpreendes-Te
connosco!?
– Quando sinto o vosso coraçãozito preso ao
Meu, tornais-vos para Mim puro encanto no que dizeis, no que fazeis, nos
caminhos que escolheis. E quando encalhais num beco sem saída, acho tão gira a
vossa cara de espanto, a vossa expressão assustada!…
– E tu deixas-nos entrar assim em becos?
– Deixo. Deixo-vos ir sempre por onde
quereis.
– E quando aparece um precipício?
– Eu só chamo a atenção para ele.
– E se um de nós quiser continuar por ali?
– Fico muito triste, mas deixo-o ir.
– Nunca empurras nem puxas ninguém?
– Nunca. Só vou caminhando pelo vosso
caminho e pondo o pé em sítios seguros: nunca cairá em nenhum precipício quem
confiar em Mim.
– E se o caminho que seguimos se dirigir
para o Inferno, Tu vais connosco?
– Vou. Sempre convosco.
– Até às entranhas do Inferno?
– Sempre, até que o Inferno faça nascer em
vós a sede de Mim. Então Eu voltarei a pôr o pé em sítios seguros para sair do
Inferno.
– Temos que ser sempre nós a reconhecer o beco,
o precipício, a angústia?
– Sim. Tendes que ser vós a rejeitar os maus
caminhos. E logo Eu volto a pôr os pés nos sítios seguros para sair de cada
beco, de cada precipício, de cada angústia.
– Olha, Mestre: e os ricos?
– Que têm os ricos?
– Ficaram lá atrás, à espera…
– Sabes porquê?
– Acho que é porque não podem caminhar.
– Que têm eles, que não podem caminhar?
– Muitas riquezas. Como vão transportá-las?
– Que as deixem.
– Deixá-las? E o tempo e o trabalho que
tiveram para acumular tanta coisa?
– E de que lhes serve tanta coisa, se ali os
amarra?
– Pois, Mestre… A riqueza paralisa: quanto
mais ricos, mais paralíticos.
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