– Porquê essa pergunta agora?
– Porque a Cidade me esmaga com as suas solicitações, em que eu não tenho já interesse nenhum.
– Tens, por esse motivo, um comportamento diferente do das outras pessoas?
– Reajo por vezes de forma que as pessoas acham fora do vulgar, tomo atitudes fora do comum.
– E levas por isso uma vida diferente das outras pessoas?
– Não. Levo a mesmíssima vida que elas. Levo até a mais vulgar das vidas: casa-emprego-café-casa. Nem sequer tenho qualquer actividade social ou cultural ou recreativa fora disto.
– Em que te distingues então dos outros?
– Só se for no coração: não encontrei, de facto, até hoje, ninguém que estivesse procurando o que eu procuro, ninguém a quem eu pudesse confiar a minha intimidade, sem que de mim se afastasse, desinteressado. Ninguém segue o meu caminho, ninguém o vive como eu.
– Não acabas de dizer que o teu caminho é o mais vulgar dos caminhos, é justamente o caminho da rotina da maioria das pessoas?
– É exactamente essa a causa da maior tensão dentro de mim, que me faz doer tanto… Vivo um especialíssimo caminho interior percorrendo os mais vulgares caminhos dos meus semelhantes.
– Aí tens o caminho do Meu Jesus, até que, de repente, tudo foi alterado… Foram trinta anos de uma vida inteiramente vulgar.
– A absoluta Novidade do Caminho de Jesus estava toda dentro d’Ele?
– Toda dentro d’Ele escondida.
– Deve ter sido um tempo de grande sofrimento, esse…
– E de grande Alegria, alimentada por uma Esperança invencível.
– Mas Jesus tinha-Te ao menos a Ti para O entenderes.
– Nem sempre. Também Eu vivia condicionada pela Minha trôpega carne de pecado, igualzinha à vossa.
– Mas inocente no Coração.
– Por isso mesmo Me era difícil entender Jesus, tantas vezes…
– Ele tinha reacções estranhas?
– Tinha reacções que nem Ele próprio entendia.
– Ó Mãe, isso é difícil de aceitar! Os nossos ouvidos não estão acostumados a ouvir coisas dessas a respeito de Jesus.
– Isso é porque vós tendes até agora andado a tentar desincarnar Deus. Deus assumiu em Jesus tudo o que vós sois! As vossas dores, os vossos aleijões, as vossas dificuldades todas! Será que nunca mais entendeis isto? Assumir quer dizer ficar com elas! Quando aceitareis finalmente a Incarnação de Deus?
São 6:58! Olhei o relógio a ver se estava na hora de ir fazer o pequeno-almoço. Mas esta imagem chamou-me a atenção pela semelhança com a do início deste texto, mas sobretudo porque de repente se me tornou a visualização de tudo quanto ficou escrito: Jesus e Sua Mãe vivem, como nós tal qual, no reino da Besta, a braços com todos os problemas e dores que ela continuamente amontoa sobre nós. É impressionante o número de vezes que o Céu todo me pede que proclame a Incarnação de Deus à letra, porque o que fizemos durante estes anos todos foi desincarnar Deus! Disse-o a nossa Mãe.
São 7:07!
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