– Vem-me buscar, Jesus!
– Onde estás?
– Aqui nesta indiferença, muito longe de Ti.
– Diz-Me: gostas de Mim?
– Se a mágoa de me sentir assim indiferente é gostar de Ti, então sim, eu gosto muito de Ti.
– Que poderias fazer para acabares com essa indiferença?
– Fazer um grande sacrifício. Jejuar, talvez…
– Porque não o fazes?
– Porque não sei se é este o caminho certo para acabar com a indiferença.
– Parece-te mais acertado continuar nela?
– O mais acertado de tudo é fazer a Tua Vontade.
– Não tens a certeza de que aquele sacrifício seja da Minha Vontade?
– Não.
– Porquê? Não Me é bem aceite todo o sacrifício feito por Meu amor?
– É, mas só quando o sacrifício o sentir como Dádiva Tua, quando por aquilo que faço eu não puder atribuir a mim próprio nenhum mérito.
– O que Me dás tem que ser Meu?
– Exactamente, Mestre. É para nós muito difícil entender isto, mas é assim que eu nas Tuas aulas tenho aprendido.
– Vamos tentar observá-la, essa dificuldade que tendes em entender. Escreve de novo onde está ela.
– Entre nós, se eu dou a alguém uma coisa que me foi dada por ele, a oferta não tem nada de nosso e não tem, portanto, nenhum valor para quem a recebe, até porque não constituirá para ele qualquer surpresa.
– É verdade, mas isso é porque os vossos dons não são vivos.
– Como assim? Nós só damos coisas mortas?
– O que vós dais é um copo de água; o que Eu dou é a própria fonte.
– Quando recebes de nós uma coisa que nos deste, recebe-la centuplicada?
– Sim, se a não esterilizardes.
– Dá um exemplo, Mestre.
– Quando dais um automóvel, dais material esterilizado: toda a matéria de que ele é feito era viva porque estava cumprindo uma função na Harmonia que assim recebeu mais um golpe. Quando dais uma simples flor, ela leva já o gérmen da esterilização e em breve murcha, porque a separastes da fonte da sua vida.
– Mas diz-me, Mestre: quando Te devolvemos os Teus Dons multiplicados, isso não se deve a trabalho e mérito nosso?
– Que mérito tem a maçã quando, germinada em árvore, dá as primeiras cem maçãs?
– Ah! Ela já trazia, de facto, em si, o poder de se multiplicar. E tudo o que favoreceu a multiplicação também lhe foi dado: o alimento da terra, a chuva, o sol…
– E não dizeis vós mesmo assim que a árvore deu a sua sombra, as suas flores, os seus frutos?
– O que Tu nos dás é então sempre Mistério!
– É. O que vos dou é tudo vivo, cheio de força e de surpresas escondidas a Mim próprio!
– Nós somos então só o lugar onde os Teus Dons desabrocham?
– Ah, Meu pequenino, ainda não entendeste? Tu és vida da Minha Vida! Tu és o próprio Dom! Porque andais à procura de méritos e não deixais simplesmente o Dom desabrochar e expandir-se em toda a sua beleza? Porque não Me deixais viver e ser feliz em vós?
– E como faremos para sermos Tu apenas, desabrochando?
– Pedi e recebereis. Pedir é só deixar-se alimentar e regar e aquecer.
São 7:39.
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