– Fala comigo, Mestre. Vem buscar-me a esta caverna. Olha: porque volto eu aqui sempre de novo? Que vim eu nestes últimos dias, nesta noite em especial, aqui fazer?
– Milagre que te devia espantar é permaneceres tanto tempo já fora dessa caverna. Não vês que foi esse o lugar da tua habitação durante tantos anos?
– Ah! Então é aqui o lugar da minha deficiência, de que eu não estou ainda liberto?
– É. Não te pedi e não desejaste tu sempre que a Cidade e a sua dor fosse sempre o lugar aonde regressasses, depois do Silêncio em que estás Comigo? Não Me sentes gemendo aí na caverna onde estás?
– Voltar aqui é ainda e sempre estar Contigo?
– Mais do que isso, Meu querido Profeta fiel: não tens tu proclamado nestas páginas todas que foi para aí que se encaminhou toda a Minha vida terrena?
– Ah! Pretender abandonar a Cidade para permanecer tranquilo junto de Ti, no Céu, recusar-se a voltar às Trevas seria deixar-Te a meio do Caminho, seria negar-Te?
– São tantos os Meus caminhos quantas as pessoas que os quiserem seguir. Se a um de vós o Meu caminho o levar a uma permanente tranquilidade junto de Mim, no Meu Céu, isso que teria de estranho ou de injusto? E se a um outro de vós Eu o mantiver longos tempos junto dos seus irmãos no seio das Trevas, para Comigo lhes reunir as células mortas, lhes tirar dos olhos as escamas, os pôr a andar ao encontro da Luz, não é este um Dom Meu tão grande como aquele outro?
– Até aqui, na caverna das minhas hesitações e dúvidas Tu estás comigo?
– Não te sentes feliz com o Meu Ciúme?
– Tu não me largas nunca?
– Não.
– Nunca-nunca?
– Nunca.
– Em tudo o que faço no meu dia, em todas as situações em que me encontro, Tu estás sempre comigo?
– Sempre.
– E estás abençoando tudo-tudo o que sinto e faço?
– Tudo-tudo. Não notas?
– Venho notando, Mestre. E o meu pasmo cresce a cada passo que dou. Mas duvidar assim…
– As tuas dúvidas são o alicerce das tuas certezas. Dá-Mas e Eu te conduzirei à Certeza plena!
Sem comentários:
Enviar um comentário