Acordei também para fixar esta imagem: 2:03. E continuo à espera. À espera de tudo, agora. Continuo à espera de que de dentro da minha Alma me venha a interpretação de todos estes Sinais. É preciso esperar por Deus como Ele espera por nós. A espera de Deus relativamente a nós deve-se ao nosso pecado; a nossa espera relativamente a Deus também se deve ao nosso pecado: não fora ele, o pecado, e a nossa espera seria apenas uma gostosa sede logo saciada.
Também, pois, a nossa espera se deve ao pecado e nunca a um castigo ou vingança de Deus. Como é, então? Se ao reencontrarmos Jesus o pecado nos é tirado, porque não somos logo arrebatados para a contemplação e para a felicidade junto do nosso Deus? E somos. Comigo assim foi: desde este meu reencontro com o meu Companheiro tem sido permanente a contemplação do Mistério de Deus e a minha felicidade tornou-se invencível. Todo o meu tesouro é Deus e ninguém me pode pôr infeliz. Mas acontece que os nossos irmãos estão todos aqui e o Deus que assim nos seduziu está aqui também, no território do nosso pecado, carregando com ele e com todas as suas consequências.
Então queremos ficar com Deus aqui, à espera. É que não suportaríamos entrar na Festa permanente, numa beatitude sem sofrimento, deixando o nosso Deus aqui. Então a nossa espera por Deus transforma-se na espera de Deus por nós. Abre-se-nos assim Deus devagarinho, como devagarinho, muito devagarinho se abre o nosso coração a Deus. É que passamos a carregar com Jesus os pecados todos dos nossos irmãos. E não precisamos de ir longe buscar a miséria em que os nossos irmãos se movem; basta olhar-nos a nós próprios com os Olhos de Deus-Connosco, a Quem chamamos Jesus: os nossos próprios pecados passam a ser um peso insuportável justamente porque nos foram perdoados, Somos na verdade, a partir de então, inocentes cordeiros imolados no Holocausto universal da nossa dor, alimentada por Satanás.
E nasce-nos aqui um amor novo aos nossos irmãos. Deixamos de ver neles inimigos mesmo quando nos agridem a nós e passamos a vê-los como verdadeiros irmãos ou filhos cobertos de chagas, desnorteados no reboliço da Cidade, esfomeados de Paz, sedentos de Ternura. Nasce-nos aqui um amor novo a todas as criaturas: elas começam a aparecer-nos todas como seres inocentes que o nosso pecado arrancou à sua paz, mutilou e encheu de sofrimento.
E nasce-nos aqui a dor da espera. Uma dor enorme, porque é enorme o peso que vemos pesar sobre o nosso Deus, um peso que avaliamos pelo peso que também a nós nos esmaga.
– Interpreta-me aqueles Sinais, Jesus!
– Que estavas vendo, agora mesmo?
– A dor da nossa Mãe junto à Tua Cruz: a nossa dor passa a ser como a dor d’Ela.
– Passais a ser corredentores?
– É assim que estou vendo.
– Que vês nos Sinais?
– A Testemunha, o Espírito e a Senhora junto ao Sinal de Deus Trino, este muito realçado.
– E não consegues interpretá-los?
– Não. Estou cansado de tentar.
– Exprime o que sentes, nessa tua tentativa frustrada.
– Tenho medo de engendrar uma qualquer interpretação para me libertar desta situação incómoda. Duvido de que os Sinais queiram dizer alguma coisa. Sofro.
– Onde estás?
– Num absoluto Deserto.
– E que estás aí a fazer?
– À Tua espera.
– Como a Precursora e o Espírito Seu Esposo.
São 6:07!
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