– Guiar o fluxo da tua Alma, guiar o nosso diálogo, ser o teu coração – todas estas expressões significam a mesma coisa?
– Foi assim que as senti.
– Da tua Alma vem um fluxo?
– Vem. Mesmo nos momentos de maior secura e frieza, há sempre uma qualquer energia que dela brota.
– A que poderias comparar então a tua Alma?
– A uma origem inesgotável, a um início sempre iniciando…a uma permanente fonte de novidade. A nossa Alma é sempre original, Mestre!
– E onde teve origem essa origem?
– Eu sinto-a neste momento como origem em si própria, como origem sem origem.
– Como princípio sem princípio?
– Sim.
– Tu sabes o que estás afirmando?
– Sei. Calculo mais do que sei. Mas nada posso fazer: é assim que sinto e está combinado entre nós dizer sempre o que sinto.
– A tua Alma é então eterna!?
– Sinto-a como estando ali e pronto. Não como um produto ou uma emanação de alguma coisa ou alguém, mas apenas ali, autónoma, com um início sem início, com uma origem sem origem.
– Dizes que ela está “ali”. Apareceu ali? Alguém a pôs lá?
– Ela não se pôs ali ela própria. Sinto que Alguém a pôs lá. Desde o início deste nosso diálogo venho sentindo que ela não está ali desde sempre, que houve um momento em que foi ali posta. E Quem ali a colocou foi Deus. Deus que sinto agora, assim neste Seu Gesto de a colocar ali, como terrível e omnipotente, mas ao mesmo tempo de uma indizível bondade e ternura.
– Então não é eterna, a Alma!?
– Ah, Mestre, que me estás a pedir? Se digo que é, estou a dizer uma heresia monstra; se digo que não é, estou a contradizer-me, porque afirmei que a nossa Alma é uma origem sem origem…
– Já sabes como deves proceder frente às heresias: diz sempre o que sentes. E quanto às contradições, não são elas uma constante ao longo de todas estas páginas?
– É verdade!
– Heresias e contradições assistidas pelo Espírito Santo?
– Sim, Mestre! Eu creio na Assistência do Espírito Santo em tudo quanto escrevo nestas páginas!
– Então responde como sentes: a tua Alma é eterna?
– Tu colocaste-a ali como origem.
– Origem sem origem?
– Sim. Como se começasse ali, sem ter vindo de lado nenhum.
– Não veio de Deus?
– Foi Deus que a colocou ali, mas ela não é uma partícula de Deus, ou apenas um fruto ou uma emanação de Deus. Deus colocou-a ali sem a ter ido buscar a lado nenhum.
– Criou-a…do Nada?
– Sim…
– Então não é eterna!?
– Mas traz em si a marca da eternidade de Deus, que é A Origem sem origem.
– Ao criá-la, Deus criou-a…eterna?
– Ah, Mestre, agora é que Tu disseste tudo! Como hei-de dizer de outra maneira? É mesmo assim que deve ser dito: Deus criou a Alma humana à Sua imagem e semelhança em tudo. Na omnipotência, na omnisciência, na bondade, na ternura – e também na eternidade!
São 5:17!
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