O Mistério da Luz! O Mistério da Unidade! – assim falam com espantosa energia todos aqueles Sinais. Mas eu outra coisa não consigo fazer senão olhá-los.
– Mestre, inflama Tu este gelo, vê Tudo neste nada que tenho no coração.
– E se também Eu estiver assim como tu estás, assim também esse gelo e esse nada? Não tens enchido estas páginas com a Verdade mais luminosa de toda a História dos homens – que incarnando Me fiz igual a vós em tudo, excepto na malícia do coração?
– Sim. E estão cheias estas páginas logo também com a outra Verdade, tão luminosa como esta de que, se aceitarmos o Teu Caminho e o seguirmos, nos farás em tudo iguais a Ti, também na inocência do coração.
– Deixa ficar escrito o acontecimento que se desenrolou agora mesmo dentro de ti.
– Eu ia escrever, sem prensar, “iguais a Ti”. Mas subitamente pus-me a pensar que não poderia escrever assim: nós não somos, nunca poderemos vir a ser iguais a Deus! Isto é uma heresia verdadeira, é um sacrilégio! Semelhantes, sim, está na Bíblia, nós somos feitos “à imagem e semelhança” de Deus. Então predispunha-me a escrever “semelhantes a Ti”. Mas a primeira formulação não queria desaparecer do centro mais fundo dentro de mim, donde neste Silêncio me vêm as coisas “sem pensar”. E durante bastante tempo lutou em mim aquilo que veio sem pensar com a coisa pensada e não conseguia decidir-me. Até que Te pedi ajuda: Jesus – rezava eu – ajuda-me! Escrevo “iguais”, ou escrevo “semelhantes”? Então neste centro fundo de mim parece que o Silêncio se fez maior e ouvi com extraordinária clareza assim: Escreve “iguais”. Não tenhas medo!
– Olha: se um homem da lei, com muita calma e até respeito, te vier pedir contas desta heresia, que lhe respondes?
– Que não lhe sei responder. Que Tu me pediste para escrever assim e eu escrevi. Que é a Ti que ele tem que pedir contas.
– Não adiantarás mais nada? Não lhe darás ao menos uma indicação? Não partilharás com ele ao menos o que estás vendo?
– Se ele vier ter comigo com a mesma ânsia no coração com que Nicodemos foi ter Contigo, certamente lhe direi que Tu me estavas falando de Luz e de Unidade quando assim me fizeste escrever aquela heresia. Que talvez seja por aí que chegaremos às intenções do Teu Coração.
– Então diz-Me: vislumbras alguma Luz dentro de ti desfazendo aquela heresia e transformando-a em Verdade?
– Vejo sim, Mestre, como ao longe, a heresia desfazendo-se e transformando-se em Luz, mas não sei como o exprima.
– Já o exprimiste. Tu disseste “Luz”, viste a heresia “transformando-se em Luz”! Diz só como vês a Luz, agora.
– Como Aquilo que faz de todas as coisas uma coisa só – desculpa tratar com semelhantes palavras o Mistério maior de Deus – o Mistério da Luz…
– Não tenhas medo. Foi nestas palavras que Eu Me vim meter, para poder estar convosco. Esta minha descida à terra e ao Inferno, metendo-Me na vossa miséria e no antro de Satanás, nunca passou pela cabeça de ninguém chamar-lhe uma heresia, pois não?
– Passou-me a mim, Mestre! E foste Tu que por mim passaste como uma grande Luz: eu chamei já à Tua Cruz a maior de todas as heresias.
– Porquê?
– Ah, vejo agora, Mestre: é mais impensável em Ti, Verbo Eterno, fazeres-Te Dor – Dor de todos os homens de todos os tempos! – do que fazeres de nós iguais a Ti!
– Então a Minha Cruz…
– Desfez todos os Teus Limites, porque arrombou as fronteiras do Impossível e do Absurdo e arrombou por isso também todos os nossos limites! Até a Maldade e o Inferno podem agora ser inseridos na Unidade sem mancha que se revelará na Consumação dos Séculos.
– Mas olha, Meu querido Pequenino: o Pecado não consistiu em o homem querer ser igual a Deus?
– Pois consistiu, Mestre. Mas é aqui que está a grande Vingança de Deus: o que o homem quis fazer revoltando-se, fê-lo Deus em Ti amando-nos. A Tua Cruz, meu Amigo que me esmagas o coração de Encanto, é agora a Luz que nos une a Ti de tal forma, que podes estar todo em cada um de nós, com a Tua Omnipotência e a Tua Omnisciência de Deus!
São 3:59!
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