Mas sinto um certo acanhamento em lidar com a minha Mãe, depois de tanto tempo de ausência de convívio… É certo que nunca me deito sem Lhe dirigir a “Ave-Maria”, como um beijo de despedida. Mas isso é só um instante, em que juntamente Lhe peço a bênção para tudo quanto fiz nesse dia e que por vezes revejo com alguma insegurança. Peço-Lhe, mesmo assim, que o abençoe todo, o meu dia, porque sei que até das asneiras o Seu Filho pode fazer remédio para nos curar e moldar em nós um coração puro.
Hoje, porém, é a vigília de Treze de Maio, um dia que o nosso tempo e os tempos futuros não poderão esquecer. Porque foi aqui que a Rainha da Paz iniciou o anúncio do Regresso do Príncipe da Paz, Seu Filho. Foi aqui que Ela veio anunciar a Grande Tribulação, se não nos convertêssemos. Não veio ameaçar, a nossa Mãe, não; veio só pedir-nos que não ofendêssemos mais o nosso Deus que estava já muito ofendido e revelar-nos que a Mão omnipotente do nosso Pai do Céu estava já ficando trémula de suportar sobre as nossas cabeças os nossos crimes de séculos, levados à loucura nos últimos tempos. Ela veio só dizer-nos que a Bondade inesgotável do nosso Pai não está conseguindo já evitar que a Sua Justiça desabe sobre a terra. Ela veio, e desta primeira vez esqueceu-Se de dizer que também veio porque o Seu coração de Mãe está sofrendo horrivelmente – Ela só pensou no sofrimento do Seu Filho e nosso Irmão Jesus e na dor do nosso Pai…
– Mãezinha, vês? Com a pressa de voltar a estar Contigo assim conversando, até me confundi: hoje não é a vigília; é só a véspera do dia em que vieste. Fala comigo ao menos, para me dizeres onde tens estado
– A assistir e a abençoar todas as conversas que tens tido com o Meu Filho e teu Mestre.
– E porque Te mantiveste assim calada, privando-me do encanto da Tua Voz e da contemplação das Tuas infindáveis Graças? Não sabes que és a mais sedutora das rainhas e a mais bonita Mãe do mundo? Não sabes como precisamos de Ti?
– Eu nunca te faltei, Meu filhinho.
– Eu sei. Eu sempre Te senti atenta aos meus passos, ocupada com as minhas preocupações. Mas diz-me: porque não falaste comigo este tempo todo?
– Não te basta saber que foi muito bom para ti este tempo em que Me mantive calada?
– Eu sei, eu sinto que o Teu Filho está fazendo tudo perfeito em mim. Mas não me queres dizer porque foi bom manteres-Te assim silenciosa?
– Diz o que estiveste fazendo agora mesmo.
– A procurar dentro de mim a Tua Voz.
– Que te tem Jesus revelado dentro de ti, nos últimos tempos?
– A minha alma.
– E que te disse Ele da tua alma?
– Coisas inauditas. A última foi que ela contém em si um poder fulminante – à imagem do poder de Yahveh! Ele disse-me que a nossa alma é, em tudo, uma perfeita imagem de Deus. Mas uma Imagem Viva. O Teu Filho disse-me que, se a minha alma puder desabrochar inteiramente livre, eu serei em tudo Seu irmão e serei Teu verdadeiro filho também. Ele disse-me que eu sou, inteiro, uma Semente de Deus! Por isso, se eu germinar e crescer, serei em tudo semelhante a Ele! O meu Mestre disse-me coisas que nenhum ouvido ouviu acerca do que mora dentro da nossa insignificância, da nossa aparência aleijada e bruta.
– E não era necessário que Ele te mantivesse assim todo atento ao Mistério da tua alma?
– Até de Ti tem ciúmes o meu Mestre?
– Ele fica sempre assim quando alguém corresponde à Sua louca paixão.
São 3:23!
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