17/1/98 – 2:22
Mas eu insisto: situações destas já houve várias, e todas foram ultrapassadas. Há instantes em que vacilo, pergunto-me se não irei parar ao manicómio. Sempre assim tenho perguntado em situações análogas. E a minha Fé sempre volta a responder-me que do sacrifício feito por causa de Jesus não se perde nem uma gota. E outra coisa me diz a minha Fé: se aqui vim parar na minha busca da Face do Senhor, é porque é este o caminho que Jesus escolheu para mim. Não sei que voltas vai dar, mas sei que me vai levar à plena Lucidez e à Cura integral de todo o meu ser, a ponto de suplantar em beleza e força o sonho eterno do Pai a meu respeito. Diz-me ainda a minha Fé que doente estava eu, duma tão grave doença, que a cura só pode ser longa e dolorosa. E entre outras coisas diz-me por último a minha Fé que o cansaço é a situação mais natural numa caminhada em pleno Deserto e que uma Ressurreição nunca poderá acontecer sem uma morte prévia; ora o Bem que espero não é outra coisa senão uma autêntica Ressurreição.
Mas agora sofro. Sempre agarrado à manga da túnica do meu Mestre para Lhe não perder por um só momento a direcção dos passos, que eu sei conduzirem à Cruz. É assim que interpreto desta vez os Sinais do início deste texto, tão intensos a entrarem-me pelos olhos dentro quando acordei. A imagem apresenta três vezes o Sinal da Testemunha e estou entendendo agora de maneira especial testemunha no sentido de mártir. Não há, de facto, outro testemunho que eu possa dar perante o mundo como discípulo de Jesus senão o testemunho que Ele próprio deu ao incarnar em nós até à máxima dor, até à morte em que nos encontramos.
– Jesus, meu Amigo mais fiel que o Firmamento, eu creio em Ti, na Tua louca paixão por todos nós. Fortalece a minha Fé, para que o meu testemunho grite às pessoas a Tua inabalável Presença junto de nós. Faz de mim um pregão vivo e contínuo dizendo: Não tenhais medo! O Teu Caminho é ao contrário dos nossos caminhos, Mestre e por isso perdoa-nos se demoramos tanto tempo a encontrá-lo, se ficamos escandalizados com ele, se recusamos segui-lo. Tenta outra vez e serve-Te de mim. Torna visível hoje de novo, em tudo o que eu faço, o Teu Caminho. Deixa, Mestre, deixa-me dizer às pessoas que não tenham medo, que nunca tenham medo de Ti, que cada dor no Teu Caminho é compensada com mil alegrias e que nem a dor será nunca superior àquilo que possamos suportar. Deixa-me dizer às pessoas, com palavras cheias do meu sofrimento e da minha invencível alegria, que nunca tenham medo do Teu Caminho. Deixa-me mostrar a toda a gente que Tu és Bondade pura e que, junto de Ti, só o Bem nos pode acontecer.
São 4:26!
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