Em mais clara Luz vi esta noite o motivo pelo qual eu não devo dar nenhum passo sem que um impulso interior claramente divino me convide a dá-lo: para além de estar escrito que sem Deus nada podemos fazer, parece agora óbvio que ninguém poderá, sem que Deus lho peça, tomar qualquer iniciativa para supostamente se entregar à salvação do mundo, porque ninguém pode conhecer o passo adequado a dar em cada momento, uma vez que o Plano de Salvação não é, nem nunca poderia ser seu.
Está escrito que Jesus veio para fazer a vontade do Pai. Todos os dias aqueles que se dizem discípulos de Jesus pedem ao Pai que seja feita a Sua Vontade aqui na terra com a mesma entrega e precisão com que ela é feita no Céu. Donde nos vem, então, tamanha relutância em assumirmos esta atitude de entrega total à Vontade de Deus, esta alegria em esperarmos apenas ordens Suas para darmos todos os passos da nossa vida? Mais uma vez, parece claro haver aqui uma distorção trágica da nossa natureza original, em que éramos felizes. Não nos diz claramente a Escritura, considerada Santa por todo o Povo de Deus, que a felicidade do Paraíso consistia precisamente em que todas as criaturas, sem excepção, executavam voluntária e amorosamente a Vontade do Seu Criador? E não está aí claríssimo que essa Vontade, longe de ser de qualquer forma opressiva, era de tal maneira aberta à Liberdade das criaturas, que duas delas, anjos e homens, puderam rebelar-se contra ela, sem que lhes fosse oposto o mínimo obstáculo? Porque somos então possuídos de tamanha desconfiança quando nos é pedido que aceitemos entregar-nos inteiramente à Vontade de Deus para sairmos do Labirinto e da Escuridão em que nos enfiámos por nossa livre vontade?
Sem comentários:
Enviar um comentário