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O Coração da nossa Pequenina é de uma espantosa Lucidez. Foi Ela que me chamou a atenção para a Vida contida na Dúvida, ao declarar que “a Fé, sem dúvidas, é morta”.
A Fé, na verdade, caminha continuamente sobre dúvidas, como aquelas ondas irrequietas, sobre as quais caminhava Simão Pedro ao encontro do seu Mestre: para caminhar sobre terra firme não precisava ele de nenhuma Fé. Sabemos que a Fé é aquela energia no coração que nos leva a entregarmo-nos àquilo que não temos, que não vemos, que não conhecemos, que não é provável, que não é seguro. Que não é sequer possível segundo as mais arrojadas perspectivas abertas à nossa capacidade de prever e de calcular. A Fé é aquela força que nos faz avançar para onde mingúem foi, que nos leva a percorrer caminhos que ninguém percorreu. E gravo isto desta forma radical por me ter sido mostrado que o caminho de cada um é diferente dos caminhos de todos os outros, que nem o caminho de Jesus é para seguir mecanicamente, mas apenas como Luz orientadora no nosso próprio caminho. De facto. Se repararmos bem, nem sequer seria possível seguir hoje o caminho do Jesus histórico de uma foram literal, pois decorreram já dois mil anos de avanço da Civilização. O caminho de cada um dos crentes é necessariamente, portanto, um caminho a percorrer sobre contínuas opções perante possibilidades várias, inesperadas, diferentes daquelas que ocorrem aos caminhos dos outros. Sobre dúvidas, afinal. A Dúvida é, na verdade, o mais característico e permanente sentimendo de quem avança no Desconhecido. E a Fé é isso mesmo: uma irresistível Sedução pelo Desconhecido. Para avançar no Conhecido não é preciso Fé nenhuma.
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