Como fizemos com tudo aquilo que Jesus nos ensinou, nós dividimos o
tempo de oração do resto do tempo do nosso dia. E foi assim que a Doutrina nos
sossegou, se dermos, digamos, dez minutos do nosso dia a Deus, reservando para
nós vinte e três horas e cinquenta minutos. Fácil foi então convencermo-nos de
que todo o tempo em que dermos atenção a Deus para além daqueles dez minutos já
passará a ser mérito nosso, tanto maior quantos mais minutos dispensarmos a
Deus: se rezarmos meia hora, somos muito bons cristãos; se orarmos duas horas
por dia, somos uns santos…
25/7/96 – 2:20
Deixa-me dormir uma noite inteirinha, Jesus!
– pedia eu ao levantar, no meio do pesado sono que me dominava. Mas é só a
carne que assim fala, porque o Mestre sabe que, se eu passasse a dormir toda a
noite, ficaria com pena de não vigiar com Ele na intimidade deste Silêncio.
– Mestre, já são 3:09. Para que queres este
tempo de absoluta secura, em que nada escrevo?
– Para irrigar os corações de muitos.
– É oração, este tempo em que nada
aconteceu?
– Como não aconteceu nada? Procurar-Me é o
maior acontecimento de um coração.
– Mesmo quando às vezes divago por assuntos
e preocupações que nada têm a ver Contigo?
– Como não têm a ver Comigo? Até o pecado
tem a ver Comigo! Eu estou onde a carne humana se encontra.
– Então estou rezando quando cabeceio de
sono e o meu espírito está totalmente vazio?
– Para onde te fugiu o espírito agora mesmo?
– Para o casamento da minha sobrinha.
– E que estavas pensando?
– Que não lhe levei prenda nenhuma.
– E esse facto estava-te preocupando?
– Um pouco… Toda a gente certamente lhe
levou prendas.
– E porque não lhe levaste tu nenhuma?
– Nem sequer pensei nisso. O importante era
eu estar lá presente.
– Mas não estavas considerando isso uma
falha e não punhas hipóteses de a remediar?
– Sim. Dando-lhe mais tarde qualquer coisa
de que ela precisasse, qualquer coisa que a surpreendesse… Ela de coisas
materiais não tem falta.
– Sabes porque te veio ao espírito agora o
casamento da tua sobrinha?
– Não faço a mínima ideia.
– Acreditas que Eu estou sempre contigo?
– Acredito.
– E que te amo loucamente?
– Acredito.
– E que nada te acontece que o teu Pai do
Céu não queira ou não permita?
– Acredito.
– Então sabes agora para que te fugiu o
espírito para o casamento?
– Não. Ainda não.
– Que te preocupava no facto de não teres
dado prenda à tua sobrinha?
– O ela ou a mãe dela poderem não achar bem.
– Se fosse esse o caso e se te fizessem
sentir isso, ficavas magoado?
– Ficava.
– Não te justificarias?
– Talvez me desculpasse dizendo-lhes a
verdade: o eu achar que bastaria a minha presença.
– Não sabes ainda porque te veio ao espírito
este assunto?
– Não, Mestre. Ainda não.
– Não Me perguntaste se é oração também o
tempo em que divagas?
– Perguntei.
– E que te respondi Eu?
– Que estás onde nós estamos.
– Onde estive Eu até agora contigo?
– No casamento da minha sobrinha.
– Condenando-te?
– Não. Só conversando sobre as minhas
preocupações.
– Não estivemos os dois a divagar?
– Pois estivemos, Mestre! Tu és mesmo o
Amor!
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