Chama-me aqui Maria “o Apóstolo da Fé”. E de facto, ao contrário dos
outros Profetas, eu não recebo a Palavra de Deus por “audição interior”;
recebo-a apenas sentindo-a e auscultando muito atentamente os mais variados
Sinais. O do cão Snupi e da Serpente ontem aqui transcrito, por exemplo.
23/7/96
– 9:50
– Vem tu agora conversar comigo, Mãezinha, e
explica-me os últimos acontecimentos… São tão estranhos, tão chocantes…
– Eles estão-te dizendo que tu foste
escolhido como Testemunha e Profeta de Deus.
– De facto, perante as coisas que me
acontecem, eu lembro-me dos profetas do Antigo Testamento, a quem Deus pedia
que fizessem coisas inauditas, chocantes também, como Sinal e Símbolo.
– Lembra-te, Meu filhinho, de que disseste
Sim ao chamamento do Senhor. Não te admires, portanto, de que Ele, revelando-te
coisas inauditas, te leve a fazer coisas inauditas, chocantes até. É preciso
destruir todos os muros que levantou a maldade, arvorada em Lei!
– Mas, Mãe, é tão difícil entender os
Caminhos de Deus! A da serpente, ontem…
– Não sabes ainda o que significou o
episódio da serpente?
– Não, Mãe, não sei ainda. E sabes como o
meu coração interroga, interroga. Diz-me o que significou, Mãe!
– Qual é a tua dúvida?
– Abalou-me fortemente. A sensação com que
fiquei na altura foi a de que não deveria avançar por onde me estava parecendo
que deveria avançar, porque era um território perverso.
– E não sentes o mesmo, agora?
– Não. Sinto que a serpente apareceu para
impedir que eu avançasse, porque avançando lhe estaria destruindo o reino, no
que ele tem de mais íntimo e secreto, eu estaria penetrando no seu próprio
antro, fazendo brilhar ali a Verdade e assim destruiria a própria fonte das
trevas!
– E não estás ainda seguro de como deves
fazer?
– Ainda não, Mãe.
– Que fizeste, antes de chegares ao local do
episódio da serpente?
– Percorri a bouça toda, deixando-me guiar
pelo Snupi.
– Porque fizeste isso?
– Senti que, se me deixasse guiar pelo cão,
estaria seguindo um bom caminho.
– Como assim? O cão é que conhece o bom
caminho?
– Há qualquer coisa de misterioso naquele
animal que desperta em mim, além de uma terna afeição, um profundo respeito:
acho que ele sabe coisas que eu não sei.
– Podes explicar como chegaste a esse
sentimento?
– Logo de início: eu vi no cão um dos
pequeninos do Senhor, de quem Ele diz que, se lhes fizermos bem, é a Ele próprio
que o fazemos. E de tal maneira senti
assim, que logo relacionei os gemidos, a fome, o abandono, enfim, a extrema
miséria daquela criatura com a imagem que um dia vi de Jesus, de entranhas
corroídas por um ácido…
– Meu pequenino! Sê feliz, porque te deu o
Senhor um coração puro.
– Então eu estou vendo bem, Mãezinha?
– Não tenhas medo: sempre verás bem se
sempre mantiveres assim o teu coração prisioneiro do Coração de Deus.
– Mas então porque duvido, Mãe?
– Porque és o Apóstolo da Fé, por escolha
eterna de Deus.
– Mais uma vez Te pergunto então, minha
querida Mãezinha: Fé não é o contrário de
Dúvida?
Dúvida?
– Só há Fé no território da Dúvida. Fé é
justamente o Dom de avançar no meio da Dúvida.
– Não haveria Fé se não houvesse dúvidas?
– Não.
Quando as dúvidas acabarem, também a Fé acaba. No Céu já não há Fé, porque
acabam as dúvidas: aqui vê-se Deus!
– E no Inferno? Há Fé?
– Até os demónios crêem em Deus, como está
escrito.
– Mas a Fé deles…
– Que tem a Fé deles?
– Não pode ser como a minha.
– Porquê?
– Porque não procura Deus.
– Procura, sim, Meu filho. Continuamente.
– Ahn? Mas como, se não os conduz ao Céu?
– São imperscrutáveis os Desígnios de Deus e
é infinito o mérito do Meu Filho perante o Pai.
Quando toca neste assunto, a Senhora
cala-Se, misteriosamente. É que entramos no Mistério da Misericórdia de Deus e
este Mistério…nem o próprio Deus lhe conhece o limite, tão surpreendente para o
próprio Coração do Pai foi a Cruz do Seu Filho! Apenas neste momento me voltou
a Mãe a repetir que esta Fé dos demónios, não os levando a eles, leva
muitas almas ao Céu: também os demónios
estão ao serviço de Deus!
São 11:07:17! E é este um espectacular Sinal
do Céu a trazer-me a Paz e a abençoar o que acabo de escrever.
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