Não costumamos ter muita paciência para esperar. E igualmente, muitas
vezes perdemos a Esperança. Atenção, nestes casos, ao momento presente: seja
ele qual for, é preciso descobrir o seu valor – não há nenhum momento inútil na
nossa vida.
14/7/96 – 2:39
– Não estou conseguindo atinar com o que Tu
queres, Mestre. Diz-mo Tu, directamente. Eu sei que estás aqui, junto de mim.
Só Contigo eu me meteria a este caminho.
– Que caminho é este?
– O da escuridão e da dor.
– Não é o do Prazer?
–É.
– Como? É as duas coisas – Prazer e Dor?
– É, Mestre, é. Nunca as senti tão unidas,
estas duas coisas. É como se fossem as duas células de que nasce um novo ser.
– É então o caminho do nascimento?…
– Sim. Sinto que é.
– A que compararias a fase em que te
encontras, neste caminho?
–As violentíssimas contracções, antes do
parto.
– Onde está então aqui o Prazer?
– Na Esperança.
– Então não está aqui; está no futuro.
– Não, não está, Mestre. Tu sabe-lo bem, meu
querido provocador: a Esperança é uma força viva actuando em cada presente. Ela
é o Prazer que suporta a Dor! A Esperança é um Dom do Pai que Tu constróis em
nós pela eficácia do Teu Espírito. Como todos os Dons que vêm do Céu, a
Esperança é uma presença actuando em cada momento, tensa de vida: nada há de
ausência ou de passividade na Esperança.
– Que vida tem a tua Esperança neste
momento?
– Não lhe sei medir a vida, mas só ela me
faria vir até aqui Contigo. Ela é uma volúpia que me faz arrostar com todas as
dores.
– E como estamos de dores? Estás aguentando?
– Estou. Mas sempre olhando para Ti, os
olhos a perguntar se ainda falta muito.
– E que respondo Eu ao teu olhar?
– Sempre a mesma coisa: que não, que não
falta muito, que é agora. Para Ti é sempre agora.
– E isso não te desilude? Não te sentes
defraudado?
– Já me habituei. Acho que também o Teu
Tempo está já a ser reconstruído em mim.
Jesus olha-me, em silêncio, um enigmático
sorriso no Rosto. E esta atitude, tão frequente no Mestre, não sei que tem; sei
que me encanta. Nada no Mestre é inexpressivo. Todo Ele é Palavra eficaz, até o
silêncio. O silêncio sobretudo, às vezes. Quantas vezes, como agora, me senti
abençoado com esta expressão silenciosa do Mestre!
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