Eu
nunca tinha ouvido chamar ao prazer um mistério. Mas foi como um imenso
Mistério que ele aqui me foi revelado. Tão grande, que seguramente será ocasião
de escândalo para muitos, mas de libertação para muitos mais.
8/7/96
– 19:34
É como se estivesse furando, confiado num
íntimo sentido de orientação, por entre densas trevas. Serve-me de referência,
de quando em quando, apenas um fugidio clarão iluminando paisagens dispersas
que, mal se mostram, logo desaparecem. Mas escrevo sempre. Numa escuridão
destas, só por milagre resultará uma expressão inteligível. Escrevo sempre como
se a todo o momento um poço se me abrisse na escuridão por baixo dos pés e me
engolisse. Escrevo sempre, porque é necessário que este território-tabu seja
atravessado, pisado, rasgado. Como se tivesse que ser, como se não houvesse outro
caminho por onde se pudesse passar para se chegar à Terra Prometida, como não
houve naquele tempo outro caminho senão o Mar Vermelho para atravessar! E, como
outrora, eu olho as paredes deste mar milagrosamente alevantadas sobre a minha
cabeça e só a Fé me mantém a esperança de que as paredes se não fechem e eu
pereça no abismo.
O Mestre bem me diz que não há perigo, mas
que este troço do caminho é assustador, isso é. Verdade é também que o coração
me bate, tenso, num misto de alegria e expectativa ansiosa. Como se fosse este
o último território a atravessar, antes da Grande Batalha e do Dia Feliz. O
certo é que foi o primeiro que o meu Guia me levou a fixar, de maneira tão
estranha, que nunca mais o pude esquecer. E também por este processo me está manifestando
o Mestre ser para Ele o Mistério do Prazer fundamental nesta Revelação que há
quase dois anos me vem fazendo. Nada vi ainda. O Mestre tem-me fornecido apenas
elementos desconexos, em catadupa. O Cântico dos Cânticos suspendeu-mo lá
atrás, esperando, germinando…
– Mantém-Te aqui bem junto de mim, Mestre,
que me parece estar a atravessar o território de eleição, o mais querido
território de Satanás, nesta sua Babilónia… E tenho medo…
Nada ouço. O Mestre só pede silêncio…
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