Muitas
vezes se diz nestes Diálogos que a Sensualidade, com o seu Prazer, é o território
de Satanás, a jóia do seu tenebroso reino, onde ele montou a respectiva central
de comando. Procure ver-se o resultado com os olhos do coração.
13/7/96 – 4:05
Já são 5:06! Nem sei o que estive a fazer
durante todo este tempo, mas a sensação é a de ter caído numa armadilha de
Satanás: o meu Guia não sei d’Ele e tudo se desmoronou. Não vejo agora no
prazer relação nenhuma com o Céu; tudo me parece apenas lascivo e obsceno: Toda
a delicadeza, toda a doçura, todo o Encanto dos dias anteriores desapareceu.
Aqui onde estou o prazer perde todo o sentido: acaba em si próprio. Uma vez
satisfeito, morre. É como se, acabado de nascer, se suicidasse. Não aponta para
lado nenhum. Não abre nenhum caminho. É um fogo que acaba em cinzas.
Como é possível viver-se aqui? A luz é
baça, artificial e os horizontes são feitos de escuridão. Nada tem sentido
aqui. Também estes Escritos, vistos daqui, não têm sentido nenhum. O mundo,
neste buraco, é só este buraco; e as trevas que nos cercam parecem caminhar em
direcção ao centro, oprimindo-nos progressivamente. Que haverá para lá das
trevas? Como se sai daqui? Perguntas destas fazem-se cada vez menos. Todo o
prazer é sugado ao próximo. Tem-se a sensação de que a felicidade é coisa que
se gasta com o uso.
– Tira-me daqui, Mestre! – grito eu. –
Restitui-me o Ar, a Luz, o Encanto do Céu. Restitui-me o Prazer. Vamos
continuar, Mestre. Vamos furar aquela escuridão, além: eu sei que há luz, muita
luz para lá das trevas. O que me mostraste é o mundo inteiro, não é? O mundo
inteiro é uma armadilha só, não é?
– É. O mundo todo é a jaula de Satanás.
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