A partir do texto 993 as
mensagens são retiradas do segundo volume destes “Diálogos”. À euforia inicial,
própria de uma inesperada paixão, segue-se agora uma abrupta entrada no
Deserto, em que a Fé é posta à prova, no meio de interrogações, dúvidas,
perplexidades, mas também descobertas fascinantes.
É natural que ninguém considere bons os
medos. Mas há um que a Bíblia diz ser bom. Chama-lhe o “Santo Temor de Deus”. É
o medo de ferir quem amamos. Mas nestes primeiros tempos da nossa conversão,
uma vez postos em pleno Deserto e ao mesmo tempo que lançamos o pé para o
Desconhecido, acompanham-nos sempre vários medos, antes de sabermos que existe
um medo santo.
Confeitaria
“Márcio”, 22/1/95
– Só sei que devo escrever; mas não sei o
quê.
– Como sabes que deves escrever?
– Ouvi-Te mesmo agora na Vassula.
– E depois? Como sabes que deves escrever?
– Senti coisas lindas vindas de Ti.
– E como sabes que as quero registadas?
– Eu nunca sei. Eu sinto e creio.
– E sentes e crês que Eu quero falar?
– Sim.
– Não chega a Vassula? Porque não transcreves,
apenas?
– As pessoas têm a Vassula, se quiserem. O
que queres de mim é mais.
– Porquê?
– Porque em cada pessoa revelas uma faceta,
uma centelha do Teu Amor. E eu não sou a Vassula.
– Sim, mas porque haveria Eu de querer
registar isso que revelo em ti?
– Porque me deste, entre outras, a missão de
escrever.
– Missão de escrever? Fixa bem: se te dei a
missão de escrever, estes Diálogos são o cumprimento de uma missão que te
entreguei. É assim que os entendes?
– É. Queres que explique de novo como me
entregaste esta missão?
– Achas que é preciso?
– Quem for iluminado por Ti, não precisa que
explique nada.
– Então só os iluminados por Mim me verão
nestes escritos!?
– Só. Como nos outros escritos que fizeste
registar.
– Quais, por exemplo?
– Os Evangelhos.
– Como??? Pões estes escritos ao nível dos
Evangelhos???
– Ah, Jesus, não me mandes escrever isso que
me estás dizendo.
– Não mando, mas peço-te que escrevas.
– Meu Deus! O que vão dizer de mim!
– Não tenhas medo. Quem for iluminado por
Mim, só dirá bem.
– Então prontos: eu ouvi “Ponho. Ponho estes
escritos ao nível dos Evangelhos.”
– Agora esclarece em que sentido.
– Ah, assim está bem. Em dois sentidos,
apenas.
– Primeiro:
– Estão ao mesmo nível porque ambos foram
escritos sob a Tua Assistência.
– Estes Diálogos são inspirados?
– Jesus, Tu sabes que eu tenho medo de
responder…
– Não tenhas medo de Mim, Salomão. Nunca.
Escreve: estes Diálogos são inspirados?
– Sim, na medida em que és Tu que os
sugeres.
– Sugerir o que é?
– Sub gero, na sua raiz latina. Realizar estando por baixo. És Tu que os
realizas como Vontade subjacente e actuante.
– Inspirados, portanto, na medida em que são
escritos sob o impulso da Minha Vontade!?
– Isso. Impulso. Olha, Jesus, deixa-me ficar
por aqui.
– Explicita bem qual é o teu medo.
– Medo de Te ferir, medo de estar a ser
sacrílego, medo de estar a exprimir apenas a minha incomensurável ambição, medo
de não escrever exactamente o que Tu queres, medo de ser marginalizado por este
meu atrevimento, medo de comprometer a credibilidade da Tua Voz.
– Ena tantos medos!
– Que queres? Não tenho que ser sincero?
– Tens, se é esse o teu desejo.
– É. É a única coisa que nestes escritos é
para mim totalmente objectiva, inteiramente certeza: a sinceridade.
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