Que autonomia tinha Jesus perante o Pai? Que consciência tinha Ele da
Sua origem e da sua missão? São estes dois temas abordados agora levemente…
Tudo é muito leve, nestes primeiros tempos de apaixonados. Mas muito emotivo,
intensamente vivido…
Esta questão do servir anda-me cá fazendo
cócegas por dentro.
– Atenção às figuras de estilo! Olha a
vaidade!
– Bem hajas, Mestre. Faz sempre assim. A
vaidade é o veículo que mais frequentemente o Diabo põe à minha disposição para
me transportar para longe de Ti.
– Ah! Olha as figuras de estilo!
– Deixa-me fazer uma figurita de estilo de
vez em quando. Fica a coisa mais visualizada, mais viva. Vou-Te pedir uma
coisa. Posso?
– Diz.
– Eu dou-Te a minha vaidade e Tu dás-me
figuras de estilo, tá bem? Como fizeste agora. Aquela do veículo foste Tu que
ma sugeriste.
– Eu?
– Nitidamente.
– Andas sempre a dizer que Eu não te falo
nitidamente…
– Falas e não falas. Eu queria, eu precisava
que falasses mais, muito mais nitidamente ainda.
– Parece-Me que não.
– Que não? Como?
– Se visses nitidamente, se ouvisses
claramente, não precisavas de acreditar. Que seria da tua Fé?
– Ai ele é isso? Perder a Fé não! Então
vamos continuar assim.
– Mas ainda não disseste porque fui Eu que
te sugeri aquela do veículo.
– Porque ao escrevê-la lembrei-me das Tuas
parábolas: são autênticas figuras de estilo. E que estilo! Por causa do Teu estilo,
nunca mais ninguém as esqueceu. Fixam-nas as crianças, fixam-nas os sábios… Tu
mandas um estilo!… Olha, estou a chorar, Mestre! Nestas ocasiões fico
literalmente empolgado com o meu Herói! Não há ninguém maior que Tu! És o
máximo em tudo! Dizem que até na Tua figura física mandavas muita pinta. Se
aquela figura do Sudário se aproxima daquilo que tu eras, as mulheres pelo
menos dizem que Tu eras muito bonito.
– Que mulheres?
– As minhas filhas, por exemplo.
– E tu?
– Eu? Tu sabes que eu não tenho muito jeito
para ver a boniteza dos homens. Já a das mulheres… Olha, também para mim podiam
vir dizer-me que Tu eras um judeu raquítico, escuro e feio, que eu não me
importava nada. Só queria ver-Te como Tu eras, ai isso queria! Já Te pedi isso
várias vezes.
– Mesmo que to mostrasse, não to diria aqui.
– Eu sei. Mas vamos àquilo do servir, se não
Te importas: ando arrelampado com isso e um tanto confuso. Dá-me a impressão de
que Tu não queres nenhuma, mas mesmo nenhuma autonomia nossa.
– Explica lá isso, senão…
– Tu também não tiveste autonomia
absolutamente nenhuma enquanto por cá andaste: obedeceste como um cordeirinho.
Até à morte e morte de cruz!
– É. O Pai é que fez o Plano. Eu só obedeci.
– Mas Tu não estavas no Pai quando o Plano
foi feito?
– Para já não há “quandos” em Deus.
– Prontos. Tu não sabias do Plano?
– Tu não sabes do Meu Plano?
– Genericamente: queres salvar-nos. Mas isto
propriamente não é um plano; é um objectivo.
– Diz porque estás hesitando.
– Porque tenho medo de fazer afirmações que
não estejam certas: é um assunto melindroso.
– E que ouviste aí dentro a esse propósito?
– Que podia estar à vontade: se eu fosse a
escrever coisas que não devesse escrever, chegariam as minhas filhas ao café!
Ou tiravas-me o chiadoiro doutra maneira qualquer.
– Então vá: continua.
– ‘Pera aí! Tu sabias não só do Objectivo
mas também do Plano do Pai, não sabias?
– Fui sabendo do Plano, como tu.
– Como eu? Não pode ser!
– Pode. Eu era um ser humano como tu.
– Estou a ver: Tu não soubeste tudo de uma
vez…
– Pois. Já viste uma criança de três anos,
de doze anos, a saber que vai morrer numa cruz?
– Deus me livre!
– Aí tens. Nem como jovem de vinte anos.
– Pois. Vinte é a idade de começar a fazer
planos. Fizeste planos?
– Aos vinte anos andava procurando, como
todos os jovens.
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