Fazemos planos a cada momento.
Não damos um passo sem que tudo esteja “pré-visto”. Ora quando nos apaixonamos
por Jesus o nosso maior desejo é executar o Plano d’Ele e, mais que isso,
abdicar de todos os planos pessoais…
Confeitaria
“Márcio”, 23/12/94
– Amanhã à noite é, entre nós, a noite das
prendas.
– Sim. E depois?
– Depois também quero uma prenda Tua.
– Minha? Mas o aniversariante não sou Eu?
– Tens razão, tens razão… Olha: este diálogo
já o tive contigo ontem e ficou registado na marca da Vassula. Sinto-me mal a
repetir seja o que for e neste caso soa-me a falsidade, uma vez que tenho que
fingir estar ele a acontecer neste momento. Não era melhor transcrever a marca?
– Quem te disse que será uma repetição?
– Não vai ser?
– Eu nunca Me repito!
– Eu sei, eu sinto-o todos os dias e por
isso deixa-me pôr-Te este nome: Surpresa. Tu és O Inesperado! O Teu Nome é
SURPRESA!
– Porquê?
– Não fazes nada do que eu planeio.
– E ficas aborrecido Comigo?
– Houve tempo em que ficava desiludido,
angustiado.
– E passou-te?
– Tu sabes que passou. Agora, quando me
ponho a magicar planos – isto vai ser assim e assado, vou dizer isto e aquilo
– logo que dou conta do que estou a
fazer, paro, sorrio e digo para mim: vai acontecer tudo menos isto!
– Disseste que sorris. Porquê?
– Porque até me acho graça: eu a furar por
um lado e Tu, serenamente, a executar o Teu Plano por outro.
– E isso quer dizer…
– Que ainda me escapo do Teu Plano, por
vezes. Mas já muito menos, diga-se a verdade. Muito menos. E é também por isso
que me rio por dentro e digo: “tens a mania de que és programador de
computadores”!
– Então como é? Não se deve programar? Não
se devem fazer planos?
– Ai és Tu que perguntas? Pronto, já sei:
estás a provocar, como é costume.
– Não gostas do método?
– Gosto! É um método porreiro! A gente fica
feliz por descobrir… por chegar lá sozinho.
– Sozinho?
– Provocador! Queres que eu refira esta
sensação esquisita que está dentro de mim, não queres?, este enrascanço…?
– Que enrascanço? Fala do enrascanço.
– O
enrascanço é este: no fundo nós estamos a descobrir o que Tu queres que a gente
descubra! Cheira a manipulação!
– Ah! E agora?
– Agora? Ai eu é que tenho que me
desenrascar?
– Se faz favor, senhor professor.
– Eu não disse que o Teu nome é Surpresa?
– Disseste e disseste muitíssimo bem. Por
isso desenrasca-te.
– Estou lixado. Ora bem: “Manipulação” é a
palavra exacta para o caso! – outra descoberta! – “Manipular” é “moldar com as
mãos”! E é isto exactamente o que eu Te venho pedindo que faças comigo!!! Eu
quero, eu gosto de ser manipulado por Ti.
– Só por Mim?
– Só por Ti. É estranho: não suporto, não
consinto a mínima manipulação por quem quer que seja. Reajo logo, às vezes à
bruta, quando descubro que alguém está tentando “levar-me”, manipular-me. Tenho
uma verdadeira repulsa por qualquer tentativa de manipulação. Mesmo em relação
a outros: a manipulação dos partidos políticos, por exemplo. Mas ser manipulado
por Ti é tudo quanto eu quero! Vá lá a gente entender isto!
– Tu até entendes. Não te faças assim tão
ignorante. Senão até Me fazes crer que o Meu trabalho em ti foi em vão.
– Não foi, não! E a grande prova é
exactamente essa: o eu gostar de ser manipulado é um milagre! Queres então que
diga o que eu entendo, não é?
– Se
faz favor, senhor professor.
– Ora bem:… Mas afinal, não tem nada que
explicar! Não somos nós “obra das Tuas Mãos”? Que mais natural então que Tu nos
faças, nos refaças, nos desfaças, se quiseres? É tão simples! Que mais natural do que sentir-se
a obra feliz por estar sendo manipulada, moldada, aperfeiçoada pelo Artista seu
Criador? Que mais explicações são precisas? Caraças! Tu é que sabes ensinar,
Mestre dos mestres!
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