Jesus serve-Se de um texto da Bíblia, a cura de um cego em Marcos 8,
22-38, para me ensinar, aqui no Silêncio do Deserto, coisas que a Teologia não
me ensinou…
3/2/95
– 8:28:00
Jesus apontou-me
o v. 25 como se me tivesse imposto “as mãos sobre os olhos”, tal como fez ao
cego, e eu passasse a ver “perfeitamente”,
“distinguindo tudo com nitidez”! E está assim Jesus chamando-me a
atenção para o fim de um processo que se tem repetido nestes últimos dias e que
está reproduzido de forma espectacularmente exacta na cura do cego do texto:
Jesus “tomou o cego pela mão e conduziu-o para fora da aldeia” – exactamente o
que me fez a mim! De facto, esta cura que em mim aconteceu foi feita longe dos
olhos da “povoação”: por um lado sinto-me afastado do mundo e por outro sinto
que o mundo não se apercebe do que em mim está acontecendo. Em seguida Jesus
passou a uma segunda fase: “deitou-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos,
perguntou-lhe: ‘Vês alguma coisa?’ Ele ergueu os olhos e respondeu: ‘Vejo os
homens; vejo-os como árvores a andar’.” – Jesus toca os olhos do cego mas o
cego não vê ainda nitidamente, vê de maneira confusa, exactamente como me
aconteceu a mim, no princípio, como me acontece a mim em cada novo processo de
esclarecimento, em cada aula deste meu assombroso Mestre! A Luz plena veio,
para o cego, só na terceira fase e foi esta terceira fase que Jesus me apontou
agora. Porquê? Para me dizer que agora vejo distintamente? De facto, sinto
mesmo que Jesus me ilumina e me faz ver de forma nítida a Sua Vontade.
– Nítida? Não andas sempre a queixar-te de
que não Me manifesto claramente?
– Estou aparvalhado de todo, Jesus! Queres
dizer que a forma como me tens guiado para o sentido profundo dos textos,
especialmente nos últimos dias…
– Especialmente em todos os dias.
– Ah! Sim, esta forma como me consegues
desvendar progressivamente até o exacto valor simbólico dos textos…
– Tudo o que está nos textos da Escritura é
só semente.
– Ah! Todos os elementos concretos, todos os
factos, mesmo os históricos, não são mais que símbolos!?
– Sim. Sementes. As coisas e os factos
tornam-se, na Escritura, Luz semeada.
– Enterrada, até que germine?
– Sim. As coisas e os factos tornaram-se
símbolos universais na Escritura.
– Isto é, sementes perenes, germinando em
cada tempo, em cada geração, até ao fim dos tempos?
– Sim, Salomão. São Luz enterrada, ansiando
por germinar e se tornar árvore frondosa.
– Ah! Então acabas neste momento de me dar um
exemplo de que me estás curando os olhos progressivamente, de que me estás
conduzindo à visão clara, de que eu não tenho razão de queixa?
– Faz os teus trabalhos da escola.
– 15:59
Acabo de reler a espectacular revelação do meu
Jesus sobre o valor simbólico dos textos bíblicos, escrita hoje de manhã. Tão
clara, tão nítida! Os objectos, os factos, as atitudes, os acontecimentos –
tudo na Escritura, é símbolo, é semente! Não só aquilo que já nasceu símbolo,
como por exemplo o Paraíso, a Torre de Babel ou o Presépio; mesmo aquilo que é
objecto, facto, atitude, comportamento estrita e comprovadamente histórico,
mesmo isto passa a símbolo a partir do momento em que começa a fazer parte da
Escritura. Os Actos dos Apóstolos, por exemplo, admitindo mesmo a sua total e
comprovada autenticidade histórica, deixam de valer como realidade histórica
objectiva e passam a ser Sinais
indicando em cada tempo, para cada alma, para a Igreja, para cada povo, o
Caminho, até ao fim dos tempos. Mais do que Sinais: aquilo que foi realidade e facto acabado,
aquilo que foi árvore e fruto virou na Escritura Semente viva, produzindo primaveras individuais e colectivas, dando
flor e fruto em todo o verão e virando novamente Semente, sempre assim até ao
fim dos tempos. Poderia dizer assim por estas outras palavras: o que aconteceu
há dois mil anos não me interessa absolutamente nada se não acontecer de novo hoje em cada alma, em cada tribo, em cada
língua, em cada povo! É este o Mistério da Revelação de Deus.
Sem comentários:
Enviar um comentário