A
Raiva, ou Ira, ou Cólera é também um Atributo divino. Quem diria! Pois, mas
isso deve-se ao facto de termos mutilado Jesus de vários dos Seus Atributos,
para fazermos d’Ele um mestre anémico, de modo a não nos incomodar com as Suas
palavras a atitudes…
7/8/95 – 3:22 – Rossão
Aqui de novo,
sobre a montanha onde recebi o Dom da vida terrena. E a primeira mensagem que o
Senhor me dirige aqui hoje é que seja testemunha viva do Amor que me criou, me
redimiu, me…
– me santificou,
Jesus. Posso dizer assim?
– Qual é a tua dúvida?
– Eu não posso dizer que estou santificado,
pois não?
– Não podes dizer é outra coisa qualquer,
porque não seria verdade.
– Tenho medo de Te não estar a dar uma Voz
límpida: creio que o Tentador ronda por aqui, tentando bloquear a afeição e a
confiança que tenho em Ti.
– Então expulsa-o.
– Eu?
– Não Me pediste o Dom de expulsar demónios?
– Pois… Foi num
momento de raiva contra o Mentiroso, por ver os estragos que ele faz.
– Atenção à “raiva”.
– Porquê, Jesus?
– Pode manchar o teu coração.
– Eu quero dizer ira, cólera, que eu sei que
Tu também tens.
– Queres ser como Eu, Salomão?
– Quero. Olha, Jesus: quero. Quero mesmo ser
como Tu.
– Vá, explica, senão…
– Só quero ter os sentimentos que Tu tens,
agir como Tu agiste. Ando sempre a ver como Tu fizeste, para fazer igual.
– Igual?
– “Dei-vos um exemplo para que, assim como
Eu fiz, vós façais também” – foste Tu que assim disseste. Está escrito.
– E a raiva, Salomão? Que raiva queres tu?
– Não sei bem. Só sei que quero uma raiva
como a Tua. Tão forte e tão pura como a Tua.
– Diz, diz!
– Como a de Yahveh quando, no Sinai, fez
Moisés atirar as Tábuas da Lei contra o bezerro de oiro e logo ali fez perecer
muitos do Seu Povo!
– Salomão, Salomão! E a Misericórdia de
Yahveh?
– Vejo aí também Misericórdia.
– Nesse mesmo facto?
– Sim. Era
preciso que nesse momento o Senhor Deus mostrasse toda a Sua Dor: Ele acabava
de escrever com fogo os Seus Mandamentos, justamente enquanto o Seu Povo Lhe
virava as costas. Se o Senhor não fizesse o que fez nunca revelaria o tamanho
da Sua Dor e permitiria que o Povo continuasse a ignorar o tamanho do Seu Amor.
Ter misericórdia é também espremer o pus de uma ferida, sabendo que se vai
fazer doer muito a quem muito se ama.
– E a raiva, onde está ela?
– Na violência com que aperto a cercadura da
ferida, para que o pus saia.
– Dar raiva aos Meus discípulos faz parte da
sua santificação?
– Sim, Mestre, acho que sim. Até do bondoso
Francisco de Assis se contam várias casos de funda indignação, de atitudes
movidas por autêntica ira; aquela, que a lenda conta, de ele ter começado a
destelhar a casa que os frades na sua ausência tinham começado a construir…
Parece uma miniatura do episódio do Sinai. Um santo tem que amar até à raiva.
Como Tu, Mestre! Amar até à raiva é levar inteiramente a sério o amor a Deus e
aos homens.
– Bela lição Me deste tu!
– Meu querido Mestre, como Tu sabes dar
aulas!
– E isto vinha a propósito… de quê, que já
não Me lembro?
– Querido Mestre, só Tu sabes ensinar! A
gente ouve-Te e apetece estar sempre a dar-Te abraços. O nosso coração arde,
quando Tu falas, quando calas, quando finges, quando brincas connosco, quando
és assim querido!
– Era do Diabo que falávamos, não era?
Atenção: não há outra raiva, senão aquela que faz parte do Amor. Até a raiva
que se possa ter perante o Demónio.
– Deve-se amar o próprio Demónio?
– Só deve haver amor nos corações dos Meus
discípulos. Há é quem o não aceite, quem se feche ao Amor. Satanás é a
definitiva Recusa ao Amor.
– Como é possível chamarmos mestre a mais
alguém senão a Ti?
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