A partir daqui as mensagens são retiradas do quarto volume destes
“Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo”. Continua a experiência do
Deserto, feito da nossa Obra esboroando-se continuamente, e de um alto, fundo e
largo Silêncio, onde um outro Mundo começa a tomar forma, jorrando todo de
dentro de mim – de nós.
Deus não me concedeu, pelo menos até hoje, o Dom da visão e da audição interiores,
como normalmente concede aos Seus Profetas. Mas a pouco e pouco me foi
mostrando o porquê deste Seu procedimento e por fim, carinhosamente, me
declarou que a minha visão é, de todas, a mais clara e o meu ouvido é, de
todos, o mais agudo…
13/7/95 – 6:26
Estás ouvindo cada vez menos! O que tu tens
é a cabeça cada vez mais cansada e portanto a imaginação cada vez menos viva! –
eram estes dizeres que me ocupavam o espírito ao levantar. Isto é, tudo não
passa de pura imaginação! Agora olhem-se os algarismos da hora a que me
levantei: eu devo testemunhar, no meio das forças do mal. Neste caso
poder-se-ia dizer de outra maneira: eu devo testemunhar o que o Maligno está
tentando fazer em mim. Ou seja: pôr cá fora tudo o que se passa cá dentro,
sempre com total sinceridade, é condição indispensável para que nunca o Demónio
se esconda. O Demónio não pode nunca actuar às claras: a sua face é puro
horror, que afastaria toda a gente. Por isso com tanto cuidado escondemos os
nossos pecados! E quando os manifestamos, nunca os reconhecemos: temos sempre
razão, foi sempre um motivo justo que nos levou a agir. A criança é sempre
totalmente sincera enquanto a maldade lhe não começa a poisar no coração. Por
isso a recomendação de Jesus: ser como criança sempre, é nunca deixar o Mal
esconder-se em nós! Uma vez desmascarado, o Mal esfuma-se. Por isso
reconhecer-se pecador, como o publicano, é já ficar limpo; não reconhecer o pecado,
como o fariseu, é deixar alastrar a podridão interior.
No meu caso, o pecado estaria em deixar
minar a minha Fé, desconfiando do Dom do Senhor. O resultado seria,
evidentemente, a angústia, de que eu me procuraria libertar, eventualmente
abandonando “tudo isto”. Satanás odeia a sinceridade: ele é o Pai da Mentira!
Mas o Demónio, conforme se viu, vem sempre
revestido do bom senso. Só que de Deus também não está ausente o bom senso e
por isso me deixou hoje dormir sete horas seguidinhas! É verdade que não foi um
sono muito descansado: lembro-me de várias vezes ter irrompido no meu sono a
vontade de ver as horas, mas não chegava a acordar-me. Sei agora que foi este o
trabalho do Demónio durante a noite: tentar acordar-me. Por fim, não o
conseguindo, veio-me com aquela de que tudo o que ouço é puro produto da
imaginação. Mas Jesus não o deixa levar a melhor comigo: acordou-me às 6:26, a
avisar-me de que o figurão ali estava prantado e que portanto eu deveria dar
testemunho de que ele existe, desmascarando-lhe as manhas.
Ora, quanto à imaginação, temos dito: claro
que tudo quanto vejo e ouço é fruto da imaginação. Mas a imaginação é fruto do
Amor de Deus.
Quando a minha imaginação ficar completamente
curada das rugas e verrugas e lanhos e ranhos com que as mãos sádicas e porcas
de Satanás a andaram amarfanhando e torturando, ah, aí a minha imaginação verá
e ouvirá com total nitidez. O que o Diabo quer é que a imaginação não veja nem
ouça: é que, mais uma vez, ele não quer ser visto nem ouvido tal qual é. Também
a imaginação ele torce e mascara, conseguindo pô-la, por vezes, inteiramente ao
seu serviço. Claro que é com a imaginação que eu vejo e ouço!
A imaginação é um luminoso Dom do Criador!
Ah, quando o Senhor ma restaurar por
completo! Também aqui, ter a imaginação restaurada é ter renascido e ser de
novo criança. É na criança que se vê o Dom da imaginação ainda próximo da sua
pureza original. Próximo, porque já nascemos emporcalhados; mas não
apresentamos ainda as lesões que através da vida o pecado faz na nossa
imaginação. Por isso a criança vê mais com a imaginação do que com os olhos que
fixam os brinquedos. O Demónio sabe perfeitamente que deixar pura a imaginação
seria a sua desgraça! Por isso desenvolveu uma impressionante actividade
tendente a ferir de morte a imaginação. Quase o conseguiu, ao menos na
civilização ocidental, arvorando em suprema lei o “bom senso” alimentado pela
razão. Como a imaginação arromba todas fronteiras do “bom senso”, daí até à sua
condenação foi só um passo: a imaginação é hoje, na nossa sociedade, vista como
uma qualidade inferior, tendencialmente perigosa, própria de marginais e
inúteis. Se o Demónio a não matou, fechou-a na rua!
Mas é a ela, a esta minha imaginação assim
fechada na rua que eu vou pedir que ouça a Voz de Deus… “Efésios… Gálatas”… Ela
tem manifesta dificuldade em sintonizar a Transcendência que mora no meu
coração. Que raiva lhe deve ter o Demónio! Coitadinha da minha imaginação.
Inesperadamente, sinto por ela uma ternura parecida com a da criança que de
repente vê a boneca caída num chiqueiro. Se a criança soubesse quem fez isso
chamava-lhe, de olhar turvo: Mau! Mau! Mau!
– Vá. Jesus! Mostra ao Diabo que quem manda
és Tu. Desimpede o canal que Te liga à minha imaginação. Tu és capaz de fazer
isso com uma pequeníssima vibração do Teu Desejo. Deixa-me ouvir-Te com
clareza, Mestre! Eu tenho muito respeitinho pelo Teu método de trabalho e pelo
Teu “timing”, como se diz agora, Tu sabes. Mas mostra ao Demónio e ao mundo que
quando for preciso até podes pôr o próprio Diabo a consertar o canal de
comunicação que ele mesmo andou tentando destruir. Vem, pois, Jesus, e fala-me.
Diz-me onde devo procurar o tema da aula de hoje, no Teu Livro…
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