Desejamos muito ouvir Jesus quando Ele nos toca o coração. De início,
como julgo acontecer com todos os Seus apaixonados, Ele conduziu-me à Bíblia
através de um processo que aprendi com Francisco de Assis e com a Vassula:
colocando o dedo indicador ao acaso, onde a Bíblia se abria. Mas depois quis
muito ouvir mesmo a Sua Voz. E Ele
aceitou, através de um treino bem longo e fecundo…
13/7/95
– 8:33
– Queres agora que te guie ao Meu Livro?
– Jesus! Viste o que passou pelo meu
espírito?
– Vi.
– E que pensas disso?
– Que és ainda homem de pouca Fé.
– Tenho que dizer o que pensei, para tudo
ficar às claras, como Tu queres, não é?
– É.
– Pois eu estava pensando assim: e se me sai
um capítulo ou versículo que não existem? Neste caso isso não podia acontecer,
porque Tu próprio me perguntaste se eu queria que me conduzisses ao Teu Livro.
– Pedi-te uma vez que acreditasse “às
cegas”, lembras-te?
– Lembro. Então vá, Jesus. Fala.
– Equelipo…
– Desculpa, Jesus. Foi assim que eu ouvi. De
repente, mas saiu-me aquilo e depois tudo se calou dentro de mim.
– Tenta outra vez ouvir-Me.
– Sim. Fala.
– Paralipó…
– Ouvi assim, mas parece-me fixação minha
nos Paralipómenos. Creio que, por isso, fui eu que travei a Tua Voz! Eu até já
sei que há dois livros dos Paralipómenos.
– É no primeiro que quero que leias.
– Em que capítulo, Mestre?
– No doze.
– E versículos?
– Especialmente cinco-seis.
– Tudo bem, Mestre. É a primeira vez que a
citação me vem assim. Como registo?
– Como já sabes.
– Pronto:
I Par. 12, 5-6
“Sapatia,
de Haruf; Elcana Jesia, Azareel, Joeser e Jesbão, filhos de Coré”.
Muito bem, Jesus. É assim que lá está.
Parecem hieroglifos egípcios. Só percebo “filhos de”. Coré também é nome que já
conhecia. Desculpa-me, Tu sabes como eu Te quero bem, mas sempre quero ver como
vais descalçar esta bota, isto é, como me vais mostrar a mim e ao mundo que
foste Tu que falaste e que me não estás a gozar.
– Com muito gosto, Salomão.
– Então vá.
– Só não queria que Me ofendesses com o tom
da tua voz.
– Não é seres hipersensível?
– É. Eu sou hipersensível.
– Mas isso não é um mal? Cá para nós é
pieguice, é não ter estofo para aguentar nada.
– Mal é não ter sensibilidade. E aguentar,
Eu aguento tudo, como vós sabeis.
– Mas não deixas passar nada… Isso não é
falta de compreensão, de paciência?
– Não; é Amor. Quero perfeitos aqueles que
escolho.
– Também é, então, Amor aquele texto, aquela
charada?
– Continuas falando-Me num tom de desafio.
– Estou a refilar Contigo?
– Estás. Não notas?
– Noto.
– Não quero que refiles Comigo.
– Mas isso é bloquear-me a espontaneidade.
– Não é; é libertar-te a espontaneidade.
– Quem vai entender isso?
– Tu. É a tua alma que Me interessa.
– Então explica-me.
– Ouve o teu coração.
– Só serei inteiramente espontâneo quando
não houver nenhum atrito entre o meu e o Teu Coração.
– Explicaste bem. Mas explicaste para os
outros. De ti quero que vivas o que explicaste.
– Pronto, Jesus. O pior é viver. Como faço
para viver?
– Não Me fugindo. Continuando a escrever,
para já.
– Eu estou cansado.
– Queres descansar uns momentos?
– Acho que não; o que eu quero mesmo é que
me expliques aquele texto.
– Explica tu o que já viste.
– Aquela série de nomes estranhos, sem
contexto, é citação que nunca ninguém faria, a não ser para gozar o próximo. Ao
fazê-la Tu, quiseste pôr à prova a radicalidade da minha Fé e do meu amor por
Ti.
– De que maneira?
– Continuando a acreditar que nunca me
enganas e que o Teu Amor persiste forte e sem mancha para além de toda a
aparência de sombra ou defeito.
– Não foi o Demónio que te guiou àquele
texto?
– Não. E mesmo que tivesse sido, fê-lo como
um rafeiro, executando sem o mínimo desvio a Tua Vontade.
– Porquê?
– Porque eu acreditei que foste Tu que me
guiaste e gozar com a Fé das pessoas é coisa que Tu nunca farias, não podes fazer, nunca, porque és Deus!
– Bem-aventurado és tu, Salomão, porque não foi a carne nem o sangue que
to revelou, mas o Meu Pai que está nos Céus!
– Aumenta a minha Fé, Jesus. Tenho medo de
que a soberba não deixe crescer a minha Fé ou mesmo a possa matar.
– Vou dar-te a humildade, sim, Meu
pequenino.
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