– Eu sei que não me abandonas nunca, Jesus. Vem ter comigo, se Te fugi para longe, porque nem isso sei.
– Como Me sentes agora?
– Como um Amigo que faz uma festa louca por causa daquele meu simples pedido e por causa da minha fragilidade.
– Não sabes já que a tua fragilidade Me atrai e que nunca fico insensível a um pedido teu?
– Pois sei, isso eu o sei, mas tenho sempre medo de não ser em cada momento, em máximo grau, tudo quanto desejarias que eu fosse.
– Sempre em máximo grau?
– Era assim que eu queria ser… Estás vendo, Mestre, o que se passa dentro de mim?
– Estou. Estou atento a tudo o que se passa contigo, como se em todo o Universo só te tivesse a ti para curar e para amar. Revela o que te faz doer.
– Eu ouvi: “Então jejua!”, mas não sei quem foi que disse estas palavras.
– Podia ter sido o Demónio?
– Acho que podia. Eu sei que ele me não faz mal quando converso Contigo, mas está sempre rondando, pronto a interferir. E neste caso do jejum ele tem interferido muitas vezes, porque sabe que isso me aflige.
–Jejuar é mau?
– É, se for uma atitude forçada: Tu não forças nunca!
– Eu te abençoo, Meu frágil Profeta. Repete isto a todos os indivíduos que encontrares pelos caminhos e a todas as nações: forçar alguém é contrário ao Meu Ser de Deus, é o que há de mais contrário ao Amor. Eu nunca forço! Nunca! Escreve de novo, para que todos o saibam: quando alguém é forçado a alguma coisa, isso é sempre obra do Demónio!
– Ah! Vê-se na Tua Cruz.
– Diz o que se vê na Minha Cruz, Profeta.
– Tu disseste: “A Minha vida ninguém Ma tira; sou Eu que a dou” e isto sempre me impressionou muito.
– E naquele Getsémani, Eu não fui forçado?
– Nem aí foste forçado; apenas, naquele pedido, perguntaste ao Pai se tinha mesmo que ser assim aquele horror que estavas antevendo. O silêncio do Pai disse-Te que sim, que tinha que ser, e foi então num clima de puro Amor que aceitaste o que veio a seguir.
– Sobre o jejum, que concluis então? Era Minha ou do Demónio aquela voz?
– No contexto em que veio, pelo “tom” em que foi dita, era do Demónio; Tu quando pedes um sacrifício és extremamente delicado.
– Dá um exemplo de um sacrifício que Eu te tenha pedido.
– Levantar-me cedo para fazer o pequeno-almoço aqui em casa para toda a gente, quando me poderia levantar mais tarde.
– E aceitaste este sacrifício de boa vontade?
– Aceitei.
– Sabes porquê?
– Porque há nele um amor concreto ao meu próximo. Todo o sacrifício só por puro amor faz sentido.
– No jejum de alimento não há amor?
– Pode haver, se ele for necessário para Te encontrar a Ti e em Ti encontrar o próximo. De qualquer forma só tem sentido se for pedido por Ti: será então um Dom Teu.
– Não queres então jejuar de alimento?
– Não.
– Custava-te muito, se Eu to pedisse?
– Custa-me sempre muito jejuar. Mas se Tu mo pedisses, este próprio pedido Teu misteriosamente me predispunha a fazê-lo de muito boa vontade.
– Não queres então fazer jejum?
– Não, Mestre, não quero. E sinto que mo não estás pedindo.
– Então porque entrei contigo neste diálogo sobre ele?
– Para nos revelares as manhas do Demónio e assim o desmascarares.
– Vamos resumir então: o Demónio pode pedir-te que jejues?
– Pode, apenas para me fazer sofrer; o jejum em si mesmo, assim como qualquer sofrimento, não conduz a Deus.
– Queres considerar então agora a citação inicial? Não te fez ela sofrer?
– Fez. Eu sofro sempre por causa desta insegurança do meu ouvido. Há que tempos me manténs assim, Mestre!
– Mas Eu já te disse porquê…
– Disseste. É por causa da minha Fé. Tu queres de mim uma Fé cega e Fé cega é aquela que acredita sem ver, nem ouvir.
– Que te diz então a tua Fé a propósito daquela citação?
– Que a devo ler toda, do versículo nove ao doze, mas fixando sobretudo estes dois.
– Descansa então agora, Meu menino; a Terra que procuras está perto.
São 5:57.
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