E que vivo eu, desta luta? Tudo quanto em mim se passa constitui uma vivência de Deserto. Tudo é fugidio, tudo é vivido em trânsito, numa terra hostil, que me não deixa nunca saborear o que vivo. E é esta só a luta que estou vivendo. Acresce que a vivo em absoluta solidão. Ninguém aqui caminha comigo e atrás de cada colina, em vez do Verde que procuro, há uma nova extensão de areia, de que se não vê o fim. Mas tanto caminhei já, que para trás também não posso voltar. Desistir seria simplesmente morrer. Mas apetece às vezes desistir, às vezes a sensação é a de que a morte seria um alívio. Mas logo outra sensação se sobrepõe: para que quero eu as forças que me restam, se paro? Então, sempre com o que me resta desta luta contra as areias, continuo. Às vezes creio que nem Esperança se lhe pode chamar. Nem Fé. É só o Sopro da Vida que, gratuitamente, só porque aqui está, faz bater o coração e avançar. Até estes momentos existem, aqui no Deserto: não temos virtude nenhuma, não temos nada de nosso e avançamos só porque o coração bate.
E o Mestre? Não vai Ele aqui comigo? Como digo eu que vou só? É que também ele vai só; eu sou apenas aquele que Lhe dá corpo, hoje e aqui. A solidão que acabo de descrever é a de Jesus, tal qual, com lapsos de tempo em que até a Esperança foge do coração, em que a própria Fé perdeu toda a força. Jesus continua no meio de nós, vivo justamente porque nos assume em cada momento toda a miséria. Que mais vivo O poderíamos desejar, se até na nossa falta de vida Ele vive?
E lá me aparece Ele de facto, na segunda imagem dos meus Sinais. Três minutos depois olhei de novo, sem razão: a imagem (4:38) evidenciava a Senhora como Mensageira do mesmo Mistério de Deus.
São 6:47.
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