Esta imagem é, toda ela, um clamor pedindo-me que escreva…
– Guia então o meu espírito, Mestre, para que ele se conforme inteiramente com o Teu Santo Espírito e assim a minha mão grave com fidelidade total o Teu Desejo.
– Preferia que ficasse gravado o teu desejo. Deixas-Me gravá-lo?
–– Como, Mestre? Que me estás Tu a pedir?
– Estou pedindo-te que cresças, porque crescendo Me fazes feliz.
– Eu cresço desejando?
– Cada desejo teu alarga o teu limite, se Mo entregares para que o realize.
– Eu cresço exclusivamente através de desejos meus?
– Exclusivamente.
– Tu nunca me impões Desejos Teus, mesmo à Tua maneira, isto é, pedindo?
– Nunca te imponho nada. Só quando um Desejo Meu se torna em verdade teu, é que Eu o realizo.
– Então diz-me agora, meu querido Artista do Amor, se o que estou vendo é verdade: este Teu jeito de proceder connosco é que nos confere a nossa irrepetível e autónoma individualidade!?
– É verdade, Meu amigo. Queres iluminar mais um pouco o que estás vendo?
– Sim, Mestre, e é maravilhoso o que estou vendo: ao satisfazeres apenas os nossos desejos, nunca sairão das Tuas Mãos amorosas duas personalidades iguais!
– Que queres significar quando dizes que cada personalidade Me sai das Mãos? Não há aí uma contradição? Se Me sai das Mãos, como pode ser uma personalidade própria vossa?
– Ah, Mestre! Tão destruída temos a nossa personalidade, que todos os medos nos assaltam quando apenas cheiramos qualquer perigo de que no-la roubem. É por isso que não vemos esta coisa tão simples: a nossa própria identidade física é um dom! Não dizem os nossos sábios que as impressões digitais nos identificam e individualizam de forma irrepetível frente a qualquer outro ser? E não sabem eles que esse mesmo sinal da nossa individualidade o recebemos inscrito nos “genes” da semente que nem sequer nos pertencia, mas que, sendo elemento constitutivo da individualidade dos nossos pais, nem mesmo assim lhes pertencia, porque também eles a receberam dos seus pais e só partilhando-a um com o outro a puderam tornar fecunda? Que temos nós, efectivamente, que não tenhamos recebido? Porque temos tanto medo de admitir que a nossa mais genuína individualidade é puro Dom?
– Sim, Meu amigo. Vê os estragos que o Pecado fez em vós!
– Ajuda-nos então, Mestre, a entender o grande Dom da nossa individualidade. Encanta-nos com a Ternura da Tua Mão omnipotente, que prefere ficar parada, a dar-nos o que Te não pedimos! Ampara na existência os nossos sonhos e olha com especial carinho para aqueles que nos são mais queridos e que nunca ninguém sonhou. Deixa-nos surpreender-Te com os nossos desejos, para que se alargue o Teu próprio Limite, meu querido Deus de inesgotável Imensidão! Reconstrói-nos até à nossa individualidade perfeita e total autonomia, para que possamos todos ser um só em Ti e assim todos nós um só pelo Poder do Teu Espírito possamos ser permanente surpresa para o Pai do Céu e Lhe conquistemos desta forma definitivamente o Coração. Então será perfeita a Unidade, e a Paz será o nosso Alimento eterno.
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