O
Amor de Deus não é abstracto. Ele não nos ama só porque nos deu a contemplar e
a fruir o espectáculo de grandeza e beleza que é o Universo; Ele ama-nos porque
Se fez connosco uma só Carne. Ele ama-nos como ama o noivo apaixonado a sua
noiva. O amor de Deus é um Amor com nervos e prazer carnal. Ele ama-nos
perdidamente. Fala deste Amor a mensagem seguinte:
Em Jesus e Maria se uniu definitivamente Criador e Criação, Espírito e
Carne.
Com muita paciência e cuidado me foi conduzindo Jesus a este mais que
todos escondido e desfigurado Mistério da nossa existência. Até que por fim me
fez participar nele da forma mais íntima e directa que se possa imaginar,
vencendo o gigantesco Obstáculo que no-lo ocultava, feito de intrincadas
armadilhas, de austeras e brutas muralhas, de assustadores fantasmas. Agora
contemplo, tranquilo, a maravilha máxima do Amor: Criador e Criatura unidos
como noivos apaixonados, como jovens esposos rendidos aos encantos um do outro!
Para isso foi obviamente necessário que o Criador Se fizesse Criatura
até ao nível em que ela, pela sua Traição, Lhe descera. Vimo-Lo assim e
chamamos-Lhe hoje Jesus. E foi necessário que a Criatura assim tocada por este
louco Acto de Amor, se Lhe entregasse sem cálculos, sem entender semelhante
Loucura. E fê-lo um dia a Criatura, na pessoa da nossa pequenina e inocente
Irmã de Nazaré, a Quem chamamos Maria, de forma tão ingénua, tão pura, que
apaixonou até ao fascínio puro o Criador, a ponto de A fazer Sua Rainha. Deste
modo, Espírito e Carne se tornaram verdadeiramente Um só: Deus tem Carne e a
Carne tem Deus!
…
Toda a Criação, destinada a ser apenas uma Obra de Deus, passou a ser,
por força da Redenção levada a cabo por Jesus, Carne de Deus!
– Quem me entenderá, Jesus?
– E tu? Tu próprio entendes o que acabas de escrever?
– Eu… Neste momento só sinto que é verdade!…
– Sentes o que escreveste?
– Sinto como sempre sinto quanto me revelas: sinto com a sensibilidade
possível em situação de Deserto…
– Então Deus não pode, agora, dispensar a Criação, sob pena de Se
retalhar e de Se mutilar a Si próprio!…
– E como Te hei-de responder, meu doce Mestre? Se respondo que sim, é
uma heresia; se respondo que não, rolo eu próprio um bruto obstáculo para o
caminho que vimos seguindo…
– Tu sabes que nunca te pode condenar qualquer resposta que deres quando
assim estás unido a Mim. Diz o que sentes, diz!
– Desde que a Criação, em Maria, se enamorou de Ti e Tu Te deixaste
enamorar por ela a ponto de a desposares, já não podes rejeitá-la sem Te
mutilares. Criador e Criação são, agora, uma
só Carne! (Dl 29,
28/1/05).
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