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Quando, no início desta minha conversão, fui surpreendido pelo Mistério da Presença de Deus na minha vida, não poderia supor que esta Presença fosse tão longe.
Tenho afirmado muitas vezes que me parece o Céu ter-se tornado menos presente em mim depois daqueles quatro meses de euforia inicial com todas as características de uma primeira paixão de enamorados. Mas a pouco e pouco fui entendendo: à festa da surpresa inicial teria que seguir-se o Deserto. Sei agora como era importante viver, em toda a sua dimensão, o Mistério da Iniquidade. Sem ver o Pecado e as suas consequências com os Olhos de Deus, como poderia eu seguir o Caminho do Mestre, como poderia eu ser um verdadeiro discípulo de Jesus? E não é de verdadeiros discípulos que tem que ser formada a Sua Igreja?
E vede que longo caminho tive que percorrer sempre mergulhado neste estranho Mistério feito de Escuridão, Secura e Sofrimento! Do sofrimento humano fui levado ao sofrimento dos animais, das plantas, dos próprios rochedos na crista e dentro das montanhas. Fui conduzido ao próprio sofrimento dos que habitam o Inferno, até à sensação indefinível da Não-existência. Sei que este percurso não vai parar aqui, antes se vai intensificar até ao fim da minha vida terrena, em sofrimento, certamente mais vasto e diversificado, porque foi este o Caminho do Mestre.
Acabei assim por entrar no inconcebível Mistério da Incarnação de Deus. E foi esta a forma de Presença do Céu que depois daqueles tempos iniciais me marcou sempre. E compreendo agora que de outra forma não poderia ser: a Presença de Deus aqui não é outra senão uma Presença no nosso Pecado. Como poderia eu querer uma permanente Presença eufórica, feliz, arrebatadora, se a situação em que Deus aqui vive é a do Paraíso destruído e devastado? Só aqui poderia, pois, encontrar o Amor louco de Deus. Já não quero agora sair daqui, desta Felicidade rubra de Dor, invencível.
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