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Acabo de bater com o carro contra um muro, à saída da minha casa. O prejuízo não é grande: partiram-se um farol e o pára-choques. Mas é mais um problema, a juntar aos que se acumulam,
nestes dias. Sucede isto muitas vezes julgo que às pessoas todas: parece que se acumulam num mesmo período todos os problemas possíveis, como se fosse uma vaga de desgraça que se levantou.
Os sábios terão para isto as suas explicações. Mas em mim foi-se formando progressivamente uma explicação própria, ao longo das aulas do meu Mestre; nada nos acontece por obra de forças abstractas, cegas e avulsas, que por aí andem perdidas e que se juntem de tempos a tempos mercê de um irracional, cego acaso; Deus tem-nos a todos na palma da Sua Mão enorme e firme e aí vê o percurso de cada um de nós. Tem vigiados todos os nossos passos, todos os nossos gestos. Mas não os força nunca: se eles deliberadamente se desviarem d’Ele por caminhos alheios ao Seu Desejo, Ele não tem outra alternativa senão deixá-los ir, porque está eternamente preso à Sua Decisão de nos ter criado livres. Mas ao desviarem-se de Deus, os nossos movimentos não ficam descomandados, mas permanecem sujeitos a vontades personalizadas que enchem todo o espaço invisível aos nossos olhos.
Não há, pois, em todo o Universo, um átomo sequer que seja…de ninguém: todo o ser, por mais insignificante que seja, toda a energia, leve como a brisa da manhã, ou pesada como uma galáxia, se move segundo uma qualquer vontade responsabilizável. Move-se o tijolo para o alto da obra porque o trolha e eu queremos. E moveu-se a minha mão para uma mudança errada hoje de manhã, porque alguém assim quis. Se, obviamente, não fui eu que o quis, quem terá sido? Deus também não foi, certamente, porque não é concebível que o Pai do Céu queira o sofrimento do Seu filho; sabemos, no entanto, que Ele não impede o mal justamente por ele ser promovido por uma qualquer vontade individual, personalizada, responsabilizável.
Restam-nos assim, como explicação, todas as vontades maléficas que povoam o espaço inacessível aos nossos olhos carnais. Aos olhos, mas não à nossa sensibilidade original. O que acontece é que esta sensibilidade se encontra maleficamente distorcida por vontades apostadas em destruir a Ordem original. Por isso não identificamos facilmente estes seres malfazejos que nos enxameiam a vida. Os videntes falam muitas vezes justamente em enxame, em multidão, enfim, eles revelam-nos uma realidade insuspeitada, a que chamam geralmente demónios, na linha, aliás, do seu Mestre comum, que falou em “legiões” de demónios. Não importa que estes demónios tenham sido criados anjos, ou tenham sido criados homens. Não importa que sejam vontades já desaparecidas da nossa vista física, ou ainda incarnadas num corpo visível: elas são sempre vontades rebeldes frente ao seu Criador. E podem juntar-se numa vaga destruidora, que só não nos esmaga, porque a Ternura de Deus acaba sempre por nos proteger.
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