– 10:00
O Sinal fala-me da Presença avassaladora do Espírito em mim.
– Sê a minha voz, Espírito do Senhor. Que todo eu seja vibração Tua dialogando com o Teu Jesus.
– Acreditas em Mim. Salomão?
– Em Ti, Terceira Pessoa da Trindade, em Ti, Espírito Bom, Omnipotente, Três Vezes Santo? Tu sabes tudo, meu Senhor: Tu sabes que acredito, acredito com todo o ser e toda a deficiência de que sou feito.
– Dialoga então com o teu Mestre, que tanto admiras e amas.
– Ficas feliz, meu Frágil e Fortíssimo Senhor, quando falo com o Teu Jesus?
– Quando falas com Jesus, sou Eu que falo com Ele.
– Mesmo quando digo asneiras?
– Na verdadeira oração nunca ninguém diz asneiras.
– E como Te sentes assim revestido da rudeza e incapacidade das nossas palavras, assim afogado quantas vezes na nossa monstruosidade e podridão?
– Feliz, muito feliz!
– Porquê, meu Encanto subtil e fundo?
– Porque ao rezar Me chamastes.
– Vens sempre-sempre quando rezamos?
– Sempre que rezais, sou Eu que rezo em vós.
– Mesmo quando não “sai” nada?
– Sobretudo quando não sai nada: sou Eu então toda a vossa impotência rezando.
– Rezando a oração da impotência?
– Sim. A melhor de todas as orações.
– Foi esta oração da impotência que rezaste em mim na vigília de hoje, não foi?
– No teu vazio, nesse total vazio que Me deste, fui Eu oração só, límpida e forte, subindo ao Pai.
– Não é, então, tempo perdido quando não conseguimos rezar?
– É tempo cheio do Olhar do Pai e da Minha Resposta silenciosa.
– Querido Amor! Tu és Amor só, não és?
– Eu sou oceano e torrente e fonte e gota de água. Eu sou o contrário da aridez.
– Então porque está tantas vezes tão árida a minha alma?
– Sentes-te bem nessa aridez?
– Não!
– Sentes-te mal?
– Muito mal!
– Desejarias muito que ela desaparecesse?
– Muito.
– Esse teu desejo está enchendo de água a tua alma.
– Então porque não vira verdura e cor a minha terra?
– Porque não é ainda Primavera!
– Foi isso que me quiseste dizer com o Salmo desta noite?
– Que diz o Salmo 66 sobre a aridez?
– “Quão magníficas são as Tuas obras!”
– Aridez, isso?
– Este é o fruto maduro da aridez orante quando, “por fim”, depois de Deus nos ter feito “cair no laço”, de ter posto “carga pesada às nossas costas”, de ter deixado “que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças”, nos dá ”alívio”. Aí sim, aí apetece dizer a toda a gente, em todas as praças da Cidade: “Vinde, ouvi e narrarei a todos vós os que temeis ao Senhor aquilo que Ele fez para mim!”
– Aridez o que é, Salomão, o que é a aridez para os que rezam e esperam?
– É silêncio em que Tu estás actuando dentro de nós e Te ouvimos como Esperança.
– E a que poderias comparar mais a aridez, Meu profeta?
– Ao inverno: às árvores despidas, à impotência perante as cheias e os vendavais.
– E onde está o Amor, no inverno?
– Onde estás Tu? No tumulto das águas que se afundam e concentram na Raiz: quando vier a Primavera, a Vida será explosão pacífica!
– Diz agora o que pensaste durante este Escrito.
– Que afinal eu fui Jesus, com Quem Tu estiveste dialogando!
– Não é heresia, isso?
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