1229 — Interpretação

   Tem dado muito que falar a interpretação da Bíblia. É mesmo esta uma fonte de divisão dos cristãos: uns dizem que só o “magistério oficial” a deverá interpretar; outros afirmam que a interpretação da Palavra de Deus escrita só o Espírito Santo a poderá fazer no coração de cada um. Certo é que, se os discípulos de Jesus amassem o seu Mestre de todo o coração, não teriam qualquer dificuldade em interpretar a Sua Palavra. Veja-se o seguinte exemplo:

20/6/96 – 11:17

   Tudo hoje é Harmonia e Luz em mim. E só quero escrever… Foi-me dada, no passado dia 16, uma Palavra da Escritura que se quedou no silêncio, germinando. Quando assim acontece, ela anda dentro de mim, mexendo comigo, até que o Mestre ma mostre, saída já da terra, e eu possa identificar a planta ou a árvore que daquela semente está surgindo e acabe por identificar também a semente…

   – Explica então, Mestre…

   – Fala antes com a tua Mãe, não queres?

   – Quero, Mestre. Falar com Ela é uma sensação tão gostosa…

   – Não queres precisar um pouco essa sensação?

   – Leveza. Doçura. Protecção. Fragilidade omnipotente.

   – Que é isso?

   – Fragilidade omnipotente? Deve ser asneira, heresia.

   – Porquê asneira?

   – Porque fragilidade omnipotente é como círculo quadrado – é um paradoxo!

   – E porquê heresia?

   – Porque omnipotente só Deus, e a Mãezinha não é Deus.

   – E queres deixar ficar assim esta asneira herética?

   – Gostava tanto de deixar assim…

   – Então deixa.

   – E Tu aprovas?

   – Gosto muito-muito daquela asneira e daquela heresia!

   – Então ficas responsável por tudo.

   – Está bem. Queres então falar com a tua Fragilidade Omnipotente?

   – Quero. Olá, Majestade!

   – Olá, Meu grãozinho de pó voando.

   – Também sou frágil?

   – Meu querido grãozinho de pó!

   – É por ser assim frágil que Tu gostas de mim?

   – É. É por seres muito pequenino e muito frágil.

   – Então não quero crescer nem ser forte.

   A Rainha sorriu.

   – Olha, Meu palerminha – diz Ela agora – não íamos ver a planta que está nascendo?

   – Íamos. Vamos onde Tu quiseres.

   – É, então…

   – Esdras quatro, nove.

   – Achaste um texto intragável, não achaste?

   – E não era para achar?

   – Mas depois começaste a ver coisas…

   – Tu sabes que eu já aprendi a não abandonar nenhuma Palavra do Teu Jesus: ando-lhe à volta, cheiro-a, tomo-lhe o gosto, pego nela, dou-lhe várias voltas, até que acabo por a comer.

   – Então a que te soube, esta?

   – A inveja e medo.

   – Explica.

   – Ela é justamente o início de uma carta que os funcionários do rei Artaxerxes lhe escreveram, a pedir-lhe que mande interromper as obras de reconstrução da cidade de Jerusalém e do seu templo.

   – E desta semente que planta vês agora crescendo?

   – Vejo todos os funcionários da Igreja do Teu Jesus alarmados com a sua reconstrução…

   – Mas no texto não se trata de funcionários do rei estrangeiro?

   – Estes funcionários da Igreja vejo-os precisamente como zelosos funcionários ao serviço do rei estrangeiro.

   – Quem é este rei estrangeiro?

   – É o “príncipe deste mundo”, como o Teu Filho lhe chamou. É a Besta.

   – E há assim funcionários da Igreja de Jesus ao serviço da Besta?

   – Desde que se tornem funcionários, colocam-se, por esse mesmo facto, ao serviço da Besta.

   – Que fazem os funcionários?

   – Funcionam.

   – Explica.

   – São peças de uma engrenagem.

   – E por ser engrenagem…?

   – Não tem vida, nem autonomia. Nenhuma das peças da engrenagem é livre: tem que funcionar arrastada pelas outras peças.

   – É movimento de morte?

   – É.

   – Diz! Diz essa formulação que tens no espírito.

   – “Industrializaram a Minha Igreja” – é assim que Jesus diz.

   – Olha: e qual foi o efeito da carta daqueles funcionários?

   – Conseguiram que o rei suspendesse as obras de reconstrução da cidade e do templo.

   – Por muito tempo?

   – Creio que sim: “até ao segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia” (v 24).

   – E que sucedeu, durante esse tempo?

   – Cresceu a cidade e o templo no coração dos judeus.

   – Que planta estás então vendo, agora?

   – A Igreja do Teu Jesus crescendo nos corações à medida que os funcionários lhe entravam o crescimento visível.

   – Dá, dá esse exemplo.

   – A Notificação da Congregação para a Doutrina da Fé condenando a nossa Vassula.

   – Que fez ela, a Notificação?

   – Suspendeu as viagens deste Profeta.

   – E nos corações, o que fez?

   – Fê-los arder de saudade.

   – Saudade o que é?

   – É uma força que faz crescer no coração aquilo que vai mingando fora, perante os olhos.