12/2/00 — 5:21
Há pouco, perante a resistência em levantar-me, pedi ao Espírito que fosse Ele a pegar em mim e a colocar-me na posição de escrever.
E mais uma vez fui assim conduzido ao Mistério da Graça: todo o Bem nos é dado e o próprio mal que fazemos, se não fosse o Espírito a dar-lhe o ser e a consistência, nem esse fruto da nossa traição ao Criador seríamos capazes de produzir. Sim, até o mal que fazemos simplesmente não teria ser, se Deus não tivesse cometido a loucura de nos criar livres. Ao conceder-nos o Dom da Liberdade, Ele correu o risco de ter que sustentar na existência o nosso próprio Pecado, porque fora d’Ele nada existe. E de novo a emoção me quer romper as paredes do peito ao considerar que o Seu Nome é EU SOU!
Mas, chegados aqui, nós sempre protestamos: afinal que dignidade é a nossa, se de nós mesmos nada podemos fazer? E a resposta parece agora ser feita da simplicidade da própria Luz: a nossa dignidade consiste em sermos só Bem, como Deus; de nós mesmos podemos ser verdadeiros Filhos de Deus, herdeiros de todos os Atributos de Deus! Que somos, de facto, nós mesmos, senão um puro fruto do Bem? Podermos fazer o mal é ainda um bem. É talvez o maior Bem da nossa natureza: significa ele que o Bem que somos não é uma fatalidade, mas pode ser uma Escolha livre! O Bem pode ser verdadeiramente nosso, porque pode ser escolhido por nós. Mais personalizados, mais nós próprios não nos poderia Deus ter criado.
É portanto óbvio que quando escolhemos o mal estamos ainda a servir-nos deste Dom de Deus. Mas nesse mesmo instante escolhemos renunciar à nossa genuína natureza. Escolhemos assim, em verdade, a decomposição, a Morte. Mas porque nada regressa ao Nada, a nossa escolha é trágica: escolhemos existir mortos! É por isso que o Espírito até o peso deste nosso ser morto tem que sustentar na existência até ao momento da nossa definitiva escolha, na hora em que termina o nosso percurso terrestre. Se mesmo aí não escolhermos o Bem, iremos habitar definitivamente as Trevas exteriores ao Mundo da Luz. Aí “haverá pranto e ranger de dentes”, conforme a expressão do nosso Mestre. É, de facto, uma existência absurda, porque contrária à natureza daqueles que assim voluntariamente a ela se condenaram. O nosso Mestre já ma deu a viver um pouco e é, de facto, um insuportável horror. Não sei como é possível escolher semelhante território, mas sei que a este ponto vai a obstinada soberba humana. Foi a nossa Mãe que um dia me iluminou dentro do peito a esperança de que o sofrimento destes rebeldes venha a ser eliminado, porque Deus é só Bem e uma vez que Ele é o SER, se alguém Lhe impusesse um mal por toda a eternidade, Deus não seria o Absoluto Senhor.
Somos, portanto, pura Graça. Esta é a nossa natureza. Mas o Pecado feriu as nossas capacidades todas. E não há remendo que se nos ponha: é preciso deixarmos mesmo morrer toda esta nossa incapacidade para sermos reconstruídos desde os alicerces para renascermos. Custou-me muito entender isto e ainda hoje continuo tenso, em permanente vigilância, a ver se sigo o exacto caminho que Jesus veio seguir para o meio de nós. Ele veio aqui sujeitar-Se inteiramente à Vontade do Pai. Teve uma carne igual à minha e ela teve que morrer. Tudo o que neste caminho foi necessário executar teve que ser o Pai a indicá-lo ao Seu Filho que, inábil e deficiente como nós, nada poderia fazer de Si mesmo no estado em que se encontrava.
Assim quero eu ser. Magoa-me a minha deficiência, mas espero os impulsos de Jesus para fazer seja o que for. O Espírito está atento!…
São 7:50.
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