17/4/08 — 3:50
— Maria, tu sabes como eu hesitei em levantar-me agora…
— Sei. E porquê?
— Porque por um lado sinto que Jesus já me não pede o mesmo sacrifício, mas por outro acho que me não devo esquecer de que o Seu Sacrifício é perpétuo.
— Este sacrifício das vigílias não é, e sobretudo não era, uma violência contra a tua natureza e portanto uma agressão à própria obra criada por Deus?
— Sim, o sono e o descanso são coisas necessárias à nossa natureza. Mas eu fazia-o em atenção à violência que também Jesus deixou fazer sobre a Sua própria natureza, a partir do Getsémani.
— E porque deixou Deus violentar a Sua própria natureza?
— Por um motivo que não tem explicação e por isso lhe venho chamando louco: porque quis salvar do sofrimento quem O traíra, não precisando dele para nada.
— E portanto tu quiseste, nestas vigílias, participar na Loucura de Deus!?
— Sim, senti-me seduzido por este Caminho e aceitei-o não só sem constrangimento, mas como quem aí descobriu um inestimável tesouro.
— A violência contra a tua natureza achaste-a então necessária para encontrares esse tesouro!?
— Sim, eu sempre soube que a violência pela violência seria uma ofensa ao Criador. Mas estava longe de ter visto todo o alcance da violência sobre a própria natureza como participação no Caminho de Jesus.
— Deixa de ser violência pela violência!?
— Claro: Deus nunca faria uma ofensa a ninguém, muito menos a Si próprio.
— Então Deus o que fez foi procurar um tesouro!?
— Sim. Mas não viu outro caminho para chegar a ele senão violentando-se a Si próprio.
— E qual era o tesouro?
— A eliminação do sofrimento do homem.
— Espera… Então o tesouro que Deus procurava não era para Si; era para o homem!?
— Era. E acho que está aqui a porta para entrarmos no mundo da Loucura que assim arrastou Deus: ele reduziu-Se a sofrimento, coisa que era em absoluto contrária à Sua natureza!
— E porque fez ele isso?
— Porque aí, nesse mundo contrário à Sua natureza, estava o homem que Ele criara.
— E de quem Deus não precisava nada, para ser feliz!?
— Já não sei… É tão louca esta visão, que me baralho e enlouquece todas as minhas capacidades de entender…
— Talvez alguma coisa se possa entender admitindo que entretanto o homem passou a fazer falta a Deus, não?
— Sim, o homem parece ter-se tornado o lugar mais sensível do Seu próprio Corpo… Mas isto destrói todo o nosso conceito de Deus, a Quem o homem não fazia falta nenhuma!…
— Sim, talvez a Loucura de Deus tivesse transubstanciado o próprio Deus!…
São 5:16!?
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