4/12/96 – 1:10
– Jesus, meu omnipotente Amigo, afasta daqui
o Divisor, que se está servindo do meu compreensível sono para me dividir de
Ti. Serve-Te Tu do mesmo sono para me unires mais a Ti e assim glorificares o
Pai que está nos Céus!
– Como poderá o sono unir-te a Mim?
– Eu poderia dar algumas respostas, mas
surpreende-me, Mestre. Eu creio na Tua inesgotável Riqueza. Eu creio em que,
vivendo em Ti, todos os momentos da nossa vida serão momentos novos e toda a
rotina e todo o tédio desaparecerão.
– Acabas de dar a Minha resposta, não
notaste?
– Esclarece-me, Mestre, que o sono não me
deixou ver ainda bem…
– Não acabas de proclamar a tua Fé na Vida?
– Na Vida?
– O que é serem novos todos os momentos?
– Ah! A rotina e o tédio significam paragem
da vida. Serem novos todos os momentos é viver em intensidade máxima!
– Continuas dando a resposta que Me pediste.
– Foi o meu sono que me fez, nas Tuas Mãos,
proclamar a minha Fé na Vida?
– Não foi o sono que te deu sede de estares
vivo?
– Pois foi.
– E não te levou ele, mais uma vez, à Fé em
que Eu sou a Fonte da Vida?
– Levou.
– E não estás proclamando, devido justamente
ao teu sono, que Eu sou Aquele-que-Une?
– Sim, Mestre: estou vendo e anunciando que
Tu vieste e virás para unir tudo o que o Diabo separou e unindo farás circular
de novo a Vida onde era Morte.
– Dás-Me mais coisas mortas para Eu
transformar em Vida, Profeta querido do Meu Coração?
– Ficas feliz sempre que Te oferecemos a
nossa deficiência e a nossa incapacidade?
– Mas não foi justamente para isso que Eu
vim à terra?
– Toda a Tua alegria é curar-nos?
– O mundo continua cheio de dores apenas
porque Mas não oferece.
– Ah, se mas deixasses oferecer-Tas eu
todas!
– Gostei muito da tua oração de ontem à
noite.
– Ah! Aquela em que, ao meditar os Mistérios
Dolorosos do Rosário, eu ia dizendo à Tua e nossa Mãe que Te pedisse para
juntares as nossas dores aos sucessivos momentos da Tua Paixão: ao Teu
Getsémani as nossas angústias e a nossa solidão, à Tua flagelação o sofrimento
de todos os torturados e doentes do corpo e assim por diante?
– Escreve, escreve o que Me pediste no
terceiro Mistério através da Minha Mãe.
– Para mim o terceiro Mistério é talvez o
mais denso da Tua Paixão. Ele fixa aquela imensa noite em que Te gozaram no
pretório de Pilatos, em que Te torturaram o corpo e achincalharam a alma, em
que emporcalharam sadicamente a Tua inocência, em que brincaram e se divertiram
com os Teus mais fundos sentimentos, aqueles justamente em nome dos quais
estavas morrendo… Meu querido Rei das Galáxias, não posso deixar de Te ver ali
com um farrapo às costas, uma cana na mão, uma coroa de espinhos na cabeça e,
de olhos vendados, recebendo bofetadas, ouvindo, no meio de grande galhofa, pedirem-Te
que adivinhasses quem Te batia! Então peço à Mãezinha, meu querido Rei dos
Mundos coroado de espinhos, que Te fale daquela que é talvez a maior e mais
universal das nossas dores: o sermos achincalhados nos nossos sentimentos, o
andarmos neste mundo com tudo o que de mais belo e fundo sentimos recalcado e
escondido no abismo da nossa alma, porque nos gozam se o damos a conhecer! E
queria muito que este imenso mar de sofrimento Tu o levasses agora Contigo para
aquele pretório e o juntasses à Tua Dor. Talvez não fosse necessário o dilúvio
de fogo, não? Eu creio em Ti, Pantocrator!
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