5/12/96 – 2:05
Já há muito tempo me parece terem
cessado aquelas revelações mais ousadas, que põem em causa, como abalo sísmico,
os mais sólidos fundamentos do edifício doutrinal milenário das igrejas todas.
E parece ter-me concentrado o Mestre agora na pura contemplação dos Seus
Desejos, numa muito mais íntima, subtil Presença Sua transformando-me o ser e o
agir. Com uma certa pena minha – devo aqui confessar-Lhe a Ele e a todos vós,
meus irmãos que comigo caminhais em busca da Intimidade do nosso Deus. É que
havia naquele rebentar de muros algo de empolgante, que agora desapareceu.
Havia em mim o entusiasmo da criança, ou do adolescente a quem o pai tivesse
pedido que desmantelasse a velha casa no dia da mudança para a casa nova. A
instalação na nova morada tem toda a emoção do edificar da nova intimidade, mas
a criança está vivendo ainda os dias da precedente agitação que lhe encheram as
pequenas medidas dos olhos e do coração.
Mas agora é silêncio e o coração, tenso à
espera de nova surpresa, cresce. Estamos avançando para o interior da nossa
nova morada, estamos entrando na nova Intimidade, até que ela se torne forte,
fiel, harmoniosa; depois, a partir dessa nova segurança, virão novas aventuras,
mais empolgantes que as anteriores. Mas a criança de nada sabe ainda; apenas,
aninhada no colo da mãe, debruçada nos joelhos do pai, ouve, muito atenta,
contar como vai ser. E sonha, de olhar distante, brilhando muito…
– Mestre, mostra-me agora, neste silêncio
que precede a Tua Vinda, as Ânsias grandes do Teu Coração. Mostra-mas como Tu
costumas fazer: transferindo-as para o meu coração e levando-o a vivê-las até à
medida máxima das suas paredes de carne, até que todas as suas medidas sejam ultrapassadas
e ele tenha que se alargar, estonteado de emoção, em batidas cada vez mais
robustas. Dá-me um coração grande e forte como o Teu. Eu sei que não pode ser,
mas também sei que Tu és o Deus do que não pode ser! E nunca ninguém soube onde
é que a Tua Loucura pode chegar. Eu gosto muito de Ti. Amen.
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