— 9:28:26/7
Estranhei o Sinal 6 ao fim da vigília. Esperava, como imagem adequada ao que acabava de escrever, a imagem 5:55, que logo no início me chamou a atenção para a Presença da Plenitude de Deus na nossa carne.
Mas a Vida é assim: não tem pontos estáticos. Em cada fase de descanso ela introduz o gérmen de um novo despertar. Ela nunca faz confirmações conclusivas, de modo a arrumar um assunto. Ela nunca encerra as suas ondas em reservatórios fechados: se descansa num vale, no mesmo instante começa a procurar um desfiladeiro para se precipitar em direcção a um novo horizonte, permanecendo ao mesmo tempo naquele vale, provocando aí, onde porventura era deserto, uma sucessão de primaveras sempre diferentes.
Por isso quando Jesus me enche o coração com a expectativa do Novo Pentecostes, logo me recorda que a descida do Espírito traz em si o gérmen da tribulação, que sempre terá que procurar o ponto mais cavado do Vale do Descanso para aí abrir um novo desfiladeiro, por onde se projecte para mais além, sempre para mais além, como se, enquanto o bico sorve o ar puro, as garras estivessem já escavando a terra para abrir um novo caminho.
Não nos enganemos, portanto: a vinda do Espírito vai trazer a Liberdade, sim, mas ser livre não é ficar liberto de problemas e dores. A Liberdade é uma fúria em campo aberto. É ficar sem muros protectores; é, pelo contrário, arrombar todos os muros que cortem a paisagem isolando um campo de outro campo, uma zona de outra zona. A Liberdade é esta Vaga sem retorno que, perante um obstáculo, em vez de recuar, lhe vai direita aos alicerces, minando-os irremediavelmente, ou ali se acumula, até que o seu volume o derrube e o sepulte no leito lavado por onde a partir daí se estende.
Mas a Liberdade do Espírito não é um safanão momentâneo, apenas para alargar o seu recinto, onde logo a seguir se feche para de novo ali se sedentarizar; ela é um Rio que vem de uma Nascente inesgotável. Não há recinto que lhe sirva neste mundo. E quando tiver dado uma volta ao mundo, derrubando obstáculos, logo estará preparada para dar outra volta, a erguer a Primavera…
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