– Que Sinal é este, Maria? Só Tu e a
Trindade!
–Noutras imagens do mesmo género tu lerias
que Eu estou cercando a Trindade…
– Sim, não vejo muito sentido naquela
imagem.
– Talvez então que os algarismos não sejam
Sinais de nada – não foi isto já que te passou pela cabeça?
– Foi. Passou-me pela cabeça já várias
vezes, e agora foi uma delas, que tudo aquilo a que eu tenho totalmente
entregue o coração não passa de pura quimera, que é só uma construção minha
para ter alguém que me ame sem nenhum obstáculo, ou então que é uma obra, feita
de supostas descobertas em avalanche, para satisfazer o meu espirito megalómano
e com ela impressionar o mundo. E depois, como tu também sabes, vem sempre a
grande frustração: ninguém vai ler uma enciclopédia de cabo a rabo e é isso que
esta escrita é.
–– Muito bem. Temos então outra vez tudo
desfeito diante de nós…
– Espera… e quem és Tu, Maria, que
assim Te colocas ao meu lado, fazes Tua
esta causa, e dizes simplesmente “nós”?
– Sim, vá, observa. Quem sou Eu? Tens que
ser tu a dizer-Mo, a dizer a todo o mundo, a quem se destinam estas folhas, a
dizer nem que seja apenas às próprias folhas, que é o que resta de agarrável no
meio da gigantesca quimera. Fixa-te com muita atenção dentro de ti e diz o que
captas com todos os meios de captar ao teu alcance. Diz quem sou. Diz!
– Procuro… Quero agarrar-Te, objectivar-Te…
Olha! Mesmo agora viste o que me aconteceu?
– Sim, diz o que te aconteceu.
– Apareceram-me de repente outra vez no
espírito aqueles algarismos lá em cima, a dizer-me que a Tua Presença é tão
real como a de Deus Trino!
– E o que é que isso significa?
– Que, se tu não estás presente, também o
próprio Deus nunca esteve presente nesta escrita. Que, se existis, morais numa
Luz inacessível!
– Caramba! Isso piora as coisas, não?
– Isto vem pôr o eterno problema já não só
da existência de Deus, mas da possibilidade de Ele contactar connosco.
– E isso melhora as coisas, não?
– Ainda não sei… Espera… Se Tu nos Sinais
apareces no mesmo Céu onde está Deus, se milhões de pessoas é lá mesmo que
dizem que moras, se uma nossa irmã, da mesma carne e do mesmo osso que nós,
pode morar onde Deus mora; o que é que impede de morarmos todos onde Deus mora?
– Mas também milhões de pessoas dizem que
Deus veio morar onde nós moramos…
– Exacto. E portanto a morada de Deus e
homem é a mesma. E portanto Deus é tão agarrável como qualquer um de nós que
aqui vivemos com estes pés bem assentes na terra!.
– E portanto Eu sou real, neste diálogo
contigo!?
– Tão real, meu Amor! Tão real!…
São 10:25!!
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