Depois, a espaços, sentia-me muito ridículo na minha presunção e nenhuma emoção especial me percorreu durante todo o encontro. Nem as palavras que ela nos dirigiu me agitaram: pareceram-me sabidas, repetidas. Chovia. E até nos meus costumados Sinais, os algarismos, nada de significativo me chamou a atenção. É claro que esta situação tal qual, eu também já a esperava, porque eu tenho pedido muito ao meu Companheiro aqui do Deserto que me deixe ser lugar onde se visualize e assim se perpetue, bem vivo, o Seu Sacrifício. Mas estou sempre na expectativa da Hora, a todo o instante; só me esqueço de que ela virá, não quando eu a espero, mas de repente, quando eu menos a esperar.
E aqui estou eu de novo no meu Deserto, onde de dia o sol queima e ofusca e de noite a escuridão enreda e assusta. Então o Mestre, sabendo da minha inultrapassável fragilidade, dá-me a Sua Mão, também ela trémula, muito leve agora e, pegando nos algarismos que Ele sabe que eu entendo, intitula este texto assim: As Duas Testemunhas do Regresso do Senhor!
– Tens pena de mim, Jesus? Estás consciente de que me estás pedindo para acreditar no impossível? Estiveste lá ontem, tendo vergonha, comigo, daquela figura ridícula que eu contemplava dentro de mim e, hoje, de a deixar aqui registada? Sentes, comigo, esta sensação de me ter metido numa grotesca, monstruosa empresa que, se sai para a rua, vai provocar a chacota de toda a gente e, se não sai, me vai humilhar perante aqueles que sabem que escrevo assim sem parança e que às minhas filhas as vai desapontar na surpreendente reverência com que acompanham esta escrita? Ah, Mestre, nestas ocasiões sinto tão pesada a Tua Cruz… Não, não Te estou a pedir que ma tires dos ombros; deixa-a tombar mais ainda sobre mim e descansa um pouco. Eu acho que aguento… Isto foi só um desabafo que precisei de ter Contigo.
São 5:04.
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