Ninguém me exija que controle aquilo que escrevo. Ninguém me exija explicações. Se alguém o fizer, eu ficarei mudo: nenhuma resposta lhe será dada, a não ser aquela que ele já conhece e, se não conhece, fica a conhecer: Ouve-te a ti mesmo! E segue sempre a resposta que escutares.
Mas é muito provável que o meu interlocutor me objecte: E se não ouvir resposta nenhuma dentro de mim? E a resposta que darei, se não a conhece, há-de fixá-la agora: Se de dentro de ti não vier resposta nenhuma, ficarás sem resposta, até que, insistindo sempre, te ouças a ti próprio, ainda que nebulosamente; deixar-te guiar por outras vozes fora de ti é coisa que nunca deverás fazer!
Os perguntadores têm, no entanto, sempre mais uma objecção: Se pregas o princípio de que cada um se deverá ouvir sempre e só a si mesmo, que sentido têm estes tantos milhares de páginas que escreves? Não és tu, afinal, uma das vozes vindas de fora, que eu devo evitar? E aqui eu tenho que admitir a violenta contradição em que pareço ter caído. Vou até reforçá-la: eu tenho, de facto, um Mestre, que sigo o mais exactamente que posso! Mas logo acrescentarei: Enquanto ouvi este Mestre fora de mim, nunca O segui, como nunca O seguiram aqueles que O puderam ouvir com os próprios ouvidos físicos, fora de si; só O sigo porque O ouço dentro e aí soube que Ele e eu somos Um. Se me ouvires fora de ti, não me sigas!
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